A deputada federal Bia Kicis (PSL-DF), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, é uma das mais dedicadas apoiadoras do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), e também compartilha com o mandatário uma visão negacionista da ciência. Assim como Bolsonaro, ela já se colocou contra o isolamento social e a aplicação do lockdown em Manaus, semanas antes de ter acontecido uma nova onda da Covid-19 na capital do Amazonas. A parlamentar também já apareceu em vídeos ensinando como andar sem máscara em locais públicos.

Descobriu a pólvora

No último fim de semana, Kicis divulgou um vídeo em suas redes sociais em que aparecia ao lado do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. No vídeo, a deputada anuncia que irá dar uma boa notícia para a população. É aí então que a parlamentar, defensora da cloroquina, medicamento que a ciência diz não ter eficácia contra o coronavírus, e o ministro, que já se declarou contra o remédio, anunciaram a boa nova: testagem em massa.

A medida anunciada com alegria pelos dois já havia sido apontada por especialistas como algo que deveria ter sido feito desde o começo da pandemia. A testagem em massa foi adotada em fases iniciais da pandemia em vários países que controlaram os casos de óbitos da doença.

O ministro classificou a “grande novidade” como “excelente”. Ele afirmou que poderá então ser selecionadas as pessoas que estão contaminadas com o coronavírus daquelas que não estão e, dessa maneira, promover a volta rápida da economia.

Sem máscara

Mesmo anunciando uma medida sensata, ainda que tardia, Bia Kicis parece não conseguir se afastar por muito tempo de suas atitudes negacionistas da doença.

No vídeo ela retira a máscara de proteção facial para conversar com o ministro da Saúde, medida essa não recomendada pelas autoridades sanitárias, pois pode aumentar o risco de contaminação.

Voto impresso

Se por um lado Bia Kicis parece querer convencer a população que agora está ouvindo o que diz a ciência, no mesmo dia em que anunciou o apoio à testagem em massa ela também mostrou que continua a mesma ao apoiar medidas retrógradas que são defendidas por Jair Bolsonaro.

A parlamentar publicou um vídeo no Twitter no sábado (8) em que convidava o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso, para debater a implementação do voto impresso no país.

Ela é a autora de um projeto que determina a impressão de cédulas em papel na votação e na apuração de eleições, plebiscitos e referendos no Brasil. A medida é defendida por seguidores de Jair Bolsonaro, que acreditam que haverá fraudes nas eleições. O próprio presidente da República é um defensor do voto impresso e várias vezes já fez ameaças veladas, afirmando que se a eleição de 2022 não for realizada com cédulas de papel, não haverá eleição. Bolsonaro repetiu a bravata na última quinta-feira (6) em sua live semanal.

Barroso, por sua vez, já se pronunciou contrário à mudança no sistema eleitoral. Em entrevista à GloboNews na última quarta-feira (5), o ministro declarou que a volta do voto impresso irá criar um “desejo imenso de judicialização”, além de criar o caos em um sistema que está funcionando muito bem, disse o ministro defendendo o voto na urna eletrônica.