A comédia nacional "Os Salafrários" está fazendo um grande sucesso entre os assinantes da Netflix. A produção estreou já no primeiro lugar no top 10 do serviço de streaming.

A trama

Marcus Majella vive Clóvis, um golpista convicto que, além de seu repertório variado de golpes, é especializado em pintar quadros falsos.

Ele consegue uma quantia milionária ao vender uma pintura falsa para um senador. Porém, o próprio político dá um golpe no protagonista que se vê obrigado a fugir da polícia.

No momento em que está fugindo, ele acaba reencontrando sua irmã de criação Lohane (Samantha Schmütz), que não via há 15 anos.

Ao contrário do irmão, Lohane é uma mulher honesta que vende lanches em um trailer em Magé.

Após ser enganada por uma falsa blitz, ela perde seu trailer e, desesperada, vai ao Rio de Janeiro pedir ajuda ao irmão para ter seu trailer de volta.

Clóvis então arrasta Lohane para seu mundo de golpes em uma turnê que começa na Região dos Lagos e termina em São Paulo.

Narração em off

O astro veterano de Hollywood, Harrison Ford, sempre fez críticas à sua própria narração em off no clássico da ficção científica "Blade Runner: O Caçador de Andróides".

Talvez o ator mudasse de Opinião se visse o que Marcus Majella fez em "Os Salafrários", a narração do ator é de uma canastrice inexplicável e chega até mesmo ao exagero de narrar eventos que já haviam sido mostrados.

Cenas extras

Talvez as únicas cenas que tenham um mínimo de graça sejam os extras, quando são mostrados os erros de gravação.

Não colou

A produção tenta a todo custo explorar a boa química entre Majella e Schmütz, velhos conhecidos do programa do Multishow "Vai que Cola". Seus personagens parecem ter saído diretamente do programa humorístico, que também tem um humor duvidoso.

Parece que o roteirista Fil Braz (roteirista dos filmes "Vai que Cola" e "Minha Mãe é uma Peça") não se deu ao trabalho de pelo menos tentar fazer com que o filme tivesse um mínimo de humor, Como se somente o humor físico dos protagonistas fosse o suficiente para arrancar gargalhadas do público.

Crítica social

Clóvis é um sujeito cínico que acredita que somente agindo de forma desonesta o brasileiro poderá se dar bem na vida.

O filme mostra então o quão difícil é um rico e poderoso ir preso e o quanto é mais fácil um pobre ser responsabilizado por seus crimes, o problema é que as situações mostradas são tão inverossímeis que qualquer tentativa de crítica social acaba não dando certo.

Outro ponto negativo da trama foi a trágica tentativa de explicar os motivos que levaram Clóvis a se transformar em um vigarista.

O pecado maior de "Os Salafrários" é que o longa-metragem é uma comédia que praticamente não consegue fazer rir.