O território baiano das praias do côncavo é notadamente conhecido por suas praias paradisíacas, como as famosas Trancoso, Caraíva, Arraial d’Ajuda, Itacaré, Boipeba, Moreré, Corumbau, Cumuruxatiba, Morro de São Paulo, Barra Grande, Praia do Forte e tantas outras. Esses destinos são referência no Turismo nacional e recebem turistas de todo o mundo.
Entretanto há uma região tão bonita quanto todas essas, que não figura as listas das mais procuradas. Em alguns casos, encontram-se apenas breves informações na internet. Relegados ao esquecimento, esses destinos não se beneficiam das vantagens econômicas provenientes do turismo e deixam de se expandir e crescer em todo o seu potencial.
Esse é o caso das praias localizadas no Recôncavo baiano que, sem os opulentes equipamentos turísticos e os pesados investimentos que recebem suas conterrâneas, veem suas cidades sofrerem com a falta de infraestrutura. Não há visita de famosos que popularizem e recomendem o destino, que acabou se tornando refúgio de veranistas locais. Ainda assim, é possível encontrar boas hospedagens e se deslumbrar com paisagens de tirar o fôlego.
Notas sobre o Recôncavo Baiano
Denomina-se Recôncavo baiano a região geográfica localizada no torno da Baía de Todos-os-Santos. Esta porção abrange não apenas o litoral, mas também, toda a região que compreende o interior circundante à Baía. Abriga cidades como Santo Amaro, Maragogipe, Santo Antônio de Jesus, Salinas das Margaridas, Saubara, dentre outras.
É conhecido por sua história de luta e resistência durante a Independência da Bahia e do Brasil, em especial, a heroica Cachoeira. Na agricultura, destaca-se pelo cultivo de cana-de-açúcar e fumo, sendo também muito rica em petróleo.
Não pode ser considerada uma região turística por não possuir infraestrutura turística, exceto Cachoeira.
Entretanto, a região é famosa pelo Turismo Náutico, realizando eventos de grandes repercussões nacionais, além das festas populares tradicionais, como a Festa de Nossa Senhora da Boa Morte, a festa de Nossa Senhora d’Ajuda e o Nego Fugido.
Praias do Recôncavo
Além das diferenças estruturais, as praias daqui também diferem em sua forma tradicional.
Não se veem surfistas pegando onda, porque não há. São praias de água salobra, ou seja, uma mistura de água doce com água salgada. O mar é calmo, tranquilo, sem agitações. É um convite para o banho.
Não raro, as barracas dispõem de cadeiras sob as margens das águas, debaixo da sombra das amendoeiras, que se espalham pelo local. Onde não há barracas, famílias levam seus mantimentos e se reúnem para confraternizar. É possível se deslocar de um ponto a outro de barco, pelas águas do Rio Paraguaçu.
No verão, as praias enchem. Muito. Fica difícil disputar um espaço tranquilo. Se você não gosta de maiores agitações, recomendo visitar a região na baixa temporada. Ou, durante a semana, se for durante a alta estação.
Praia de Itapema
Essa é a Praia referência da cidade de Santo Amaro da Purificação, onde nasceram Caetano Veloso, Maria Bethânia e Gal Costa. Itapema – que em tupi significa, “pedra angular” - possui cerca de quatro quilômetros de extensão. Localiza-se no entorno de um pequeno vilarejo de pescadores, cercado por ilhotas. Sua praia tem as areias escuras e amareladas, o mar calmo e um extenso coqueiral.
Como festa Popular de destaque, aqui é celebrada anualmente, no dia 16 de maio, a festa em homenagem a Iemanjá do Bembé do Mercado de Santo Amaro.
O acesso se dá através da saída de Santo Amaro rumo a Cachoeira, BA-026, no entroncamento com a BA-878, em direção à Saubara. Entretanto, é necessário pegar uma estrada não pavimentada para se chegar e, quando chove, o acesso pela pode ser dificultado.
Sobre a culinária, é possível escolher entre a maniçoba e as moquecas de peixe e de mariscos, pescados na própria comunidade.
Praia de Monte Cristo
Também localizada no Município de Saubara, a Praia de Monte Cristo fica depois de Bom Jesus dos Pobres, que também é uma praia linda. É possível caminhar de uma até a outra, num percurso que leva cerca de trinta minutos por trecho. É importante sair com a maré baixa, caso contrário, a travessia não é possível.
Curioso notar que aqui, a praia muda com a maré: cheia, ela forma um tipo de paisagem. O mar é agitado e instável. Vazia, é completamente diferente. O mar é sereno e a vida marinha se mostra sem pudor, em todas as suas formas e expressões.
Em noites de lua cheia, a praia torna-se um verdadeiro espetáculo.
A lua nasce por detrás das falésias e dos extensos manguezais, criando um visual psicodélico.
No local, há apenas uma Pousada, que também funciona como restaurante e oferece refeições, apartamentos e chalés à beira-mar para grupos e famílias. Um convite para fugir das preocupações do dia a dia.
Mas, é importante informar que para chegar até essa praia, se faz necessário pegar uma estrada não pavimentada e, quando chove, o acesso pode ser dificultado. É uma comunidade pequena, sem bancos ou supermercados. É necessário levar tudo.
Daqui, também é possível fretar um barco e conhecer duas outras praias vizinhas: a praia de Barra do Paraguaçu e a Praia da Pedra Mole, somente acessível via mar.
Praia de Barra do Paraguaçu e Pedra Mole
Aqui já estamos no Município de Salinas das Margaridas. Barra do Paraguaçu é uma pequena ilha com casas de veraneio, dispostas à beira-mar. Visitei recentemente esta pequena comunidade, que tem como marco um Farol. Em alguns minutos é possível circular a parte habitada da ilha, que é linda.
As famílias se reúnem nas frentes das casas, com coolers, guarda-sol e cadeiras de praia, enquanto se banham no mar. Amendoeiras compõem a paisagem, que no pôr do sol é ainda mais charmosa.
Não há bares e restaurantes no entorno, o que significa que não há infraestrutura de turismo. Desconheço a existência de hotel ou pousada, até porque é uma comunidade muito pequena.
A visita é de passagem, de preferência, durante o pôr do sol e em noite de lua cheia.
Daqui, de barco ou até mesmo a pé por meio de uma pequena trilha que, durante a maré baixa, dá passagem à Praia da Pedra Mole, com suas imensas falésias, cercada por manguezais e pedras dantescas. É um lugar cênico, parada especial para fotos. Essa é uma praia deserta, o que significa que é preciso levar água e mantimentos.
Vale muito a pena a visita!
Essa região, em especial, tem tido um cuidado reforçado em relação às boas práticas relativas à prevenção do contágio do Covid-19. Por ser baixa estação, as praias estão vazias e o local pode ser considerado seguro.
