Pelo menos 10 presidentes da República no Brasil tomaram vacina no enfrentamento de diferentes crises sanitárias, de Arthur Costa e Silva até Michel Temer, todos os mandatários enfrentaram algum tipo de crise sanitária. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) destoa de seus antecessores ao assumir uma postura negacionista na pandemia do coronavírus. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Militares e vacinação

Na década de 1960, o Brasil chegou a ficar na terceira colocação em todo o mundo com a maior incidência de varíola. O general Costa e Silva já havia sido imunizado quando, para reforçar o efeito da vacina, vacinou-se novamente.

Posteriormente, quando o Brasil registrou os primeiros surtos da meningite, o Governo Médici ignorou recomendações para o controle da enfermidade e proibiu que fossem divulgadas informações sobre a epidemia. Ele afirmou que seria um risco à segurança nacional.

O cenário mudou com o general Ernesto Geisel, que, ao assumir a presidência, mudou os rumos do enfrentamento à epidemia. Foi criada a Comissão Nacional de Controle de Meningite com o intuito de coordenar com os estados e os municípios a gestão da epidemia. O governo investiu na fabricação e importação de vacinas, além de fazer a monitoração dos casos. Em 1975, Geisel foi fotografado tomando vacina, aplicada pelo então ministro da Saúde Paulo de Almeida Machado.

Na década de 1980, a luta foi contra a pólio. Foi nessa época que o então ministro da Saúde Waldir Arcoverde desenvolveu o programa de vacinação que se tornou a base para as campanhas de vacinação que são feitas até os dias atuais. O presidente João Figueiredo acompanhou de perto as ações.

Quanta diferença

Enquanto presidentes do passado faziam questão de terem seus nomes associados a campanhas de vacinação, Jair Bolsonaro toma um rumo totalmente oposto.

Na semana passada, em uma reunião do Conselho de Saúde Suplementar, vazou um áudio do ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, que disse que se vacinou contra a Covid-19 sem que Bolsonaro soubesse, “para não criar caso”. O ministro ainda afirmou que tenta convencer o presidente da República a também se vacinar.

O mascote das campanhas de vacinação, o Zé Gotinha, estreou no governo José Sarney.

O presidente ampliou a cobertura vacinal para crianças. Na década de 1990, o governo Fernando Collor reforçou as campanhas multivacinais. De Itamar Franco a Michel Temer, as políticas de divulgação da importância das vacinas continuaram a todo vapor. No ano de 2008, em um evento de divulgação da vacinação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi vacinado pelo então governador de São Paulo, José Serra.

Gripezinha

A OMS (Organização Mundial da Saúde) em 2009 alertou o planeta para uma pandemia da gripe suína (H1N1). Um mês após o alerta da OMS, o então presidente Lula minimizou o vírus, pois o Brasil tinha apenas 8 casos da doença, porém em agosto daquele ano, o Brasil se tornou o país com mais mortes da doença no mundo.

O ministério da Saúde então seguiu à risca as recomendações da OMS e investiu em imunizantes e insumos.

Golpe

Em 2016, já em meio ao processo de impeachment, a presidente Dilma Rousseff fez um pronunciamento em rede nacional em que pediu união de todos no combate ao zika e à dengue. Depois de sua saída, Michel Temer assumiu a presidência e deu continuidade às campanhas de vacinação.