Estreou no último dia 17 de junho, na Netflix, a segunda temporada da série que fala sobre zumbis "Black Summer".

Parece que desaprendeu

O diretor Zack Snyder tem no currículo o aclamado filme de zumbis "Madrugada dos Mortos". Recentemente, o cineasta voltou ao gênero B com o péssimo "Army of the Dead", também do catálogo da plataforma de streaming.

Snyder parece ter esquecido tudo o que mostrou de bom em "Madrugada dos Mortos". E agora a Netflix mostra uma produção de qualidade sobre o tema.

O velho clichê de dizer que determinado filme ou série sobre mortos-vivos se trata menos sobre as criaturas estranhas e mais sobre os seres-humanos está presente em "Black Summer" de maneira contundente, visto que são relativamente poucas as aparições dos monstrengos.

Na produção criada por Karl Schaefer e John Hyams não são mostrados grupos de pessoas que ao se unirem, formam fortes laços de amizade e se tornam uma família.

Na produção, as uniões são formadas, na imensa maioria das vezes, somente por uma questão de sobrevivência, e as traições são comuns.

Neste universo, os personagens além de enfrentarem, obviamente, os zumbis, têm que sobreviver aos grupos rivais, em que são formadas verdadeiras milícias.

Na série, não existe uma visão maniqueísta dos personagens, como é comum de ver em outras produções do gênero. Até mesmo as protagonistas Rose (Jaime King) e a filha Anna (Zoe Marlett) são personagens que não são exatamente um exemplo de simpatia.

A série mostra de maneira desconfortável como as pessoas podem se tornar selvagens e esquecerem valores morais diante de grandes dificuldades.

A crueza que é vista na trama é reforçada pelas escolhas estéticas da série. Logo em seu início já é mostrada uma sequência alucinante e tecnicamente perfeita.

São usados ao longo dos oito episódios muitos planos-sequência, planos abertos e closes nos personagens.

A produção é narrada de forma não linear. O recurso até poderia ter sido menos utilizado, em alguns momentos mais parece ser uma forma de exibicionismo.

A produção chegou até mesmo mostrar uma batalha entre dois grupos rivais dividida em duas partes, sendo que a segunda parte foi mostrada primeiro e logo a seguir foi exibida a parte inicial.

A escolha narrativa da trama cansa um pouco, pois acaba se sentindo falta de uma história a ser contada. A trama encontra uma direção no terceiro episódio com a entrada em cena de Rose e Anna.

No final das contas, a série, apesar de seus poucos deslizes, funciona com sua narrativa tensa e sombria. A personagem coreana Sun (Christine Lee) é a única da série que não se perdeu na tragédia e é talvez a única que o público irá torcer para que sobreviva. A produção é uma boa opção para os amantes de tramas com zumbis.