Ocorreu há cerca de um mês um encontro de vários representantes da direita paulistana no restaurante Président, cujo proprietário é o famoso chef francês Erick Jacquin. A intenção do encontro era que o grupo fosse apresentado a um novo instituto que defende ideias conservadoras e liberais.

Na teoria, a notícia não tem nada de muito interessante, porém o jantar começa a se tornar pitoresco quando se toma conhecimento sobre quem foi a figura idealizadora do evento ocorrido na noite de 7 de junho, ninguém menos que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).

O filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) acalenta o sonho de tirar do papel o seu ICL (Instituto Conservador-Liberal) desde o fim de 2020.

Piada

É praticamente uma piada de mau gosto imaginar Eduardo Bolsonaro como uma figura com capacidade para unir pessoas em torno de um debate moderado, o mesmo parlamentar que seguidamente fez declarações que colocaram em risco a relação entre Brasil e China, o país que é o maior parceiro comercial do Brasil. A situação fica ainda mais trágica quando se sabe que algo em torno de 40 pessoas se propuseram a dar ouvidos ao parlamentar extremista de direita, o que diz muito sobre as pessoas que estavam presentes ao evento.

A plateia era um misto de ativistas, empresários, influenciadores digitais e representantes do mercado financeiro.

A quase totalidade do grupo era formada por apoiadores do Governo do pai de Eduardo, o também extremista de direita Jair Bolsonaro.

Dinheiro

Os presentes ouviram explicações sobre quais são as intenções do instituto e também ouviram um leve pedido de doações, pois Eduardo argumentou que é importante que o ICL seja financeiramente independente, sem que haja verba pública.

O discurso parece ter surtido efeito, pois muitos dos convidados aceitaram abrir as carteiras.

As figuras do mundo econômico presentes ao jantar eram os empresários: Andre Kissajikian (incorporadora AK Realty), Gabriel Kanner (Instituto Brasil 2000), Hélio Beltrão (presidente do Instituto Mises Brasil) e Otávio Fakhoury, entre outros.

Do mundo político estavam presentes figuras com perfil dos políticos da família Bolsonaro, os deputados estaduais Frederico D'Avila e Gil Diniz, ambos eleitos pelo mesmo partido que Eduardo e ambos expulsos da legenda.

Comunicadores e influenciadores digitais

Entre as figuras midiáticas que estavam no jantar participaram o jornalista Luís Ernesto Lacombe, que não tem vergonha de admitir ter recebido verba para falar bem do governo federal, o comentarista político Caio Copolla, o bacharel em direito famoso por dar nó em pingo d’água para defender o presidente Jair Bolsonaro. Outro da mesma categoria de Coppola que também participou do evento foi o comentarista político da rádio Jovem Pan Adrilles Jorge.

E por falar no ex-BBB extremista de direita, o jantar aconteceu há quase um mês, bem antes da reportagem do UOL que mostrou gravações em que Andrea Valle, ex-cunhada de Bolsonaro, acusa o então deputado de exigir que seus assessores lhe entreguem a maior parte de seus pagamentos.

De acordo com Adrilles, Jair Bolsonaro não “roubou” dinheiro do povo, pois se foi feito um acordo entre “patrão” e “empregado”, não existiria roubo, mas sim “corrução”. Em uma disputa entre Caio Coppola e Adrilles Jorge para descobrir quem é capaz de dizer as maiores sandices para defender o governo Bolsonaro, ficaria difícil dizer quem seria o vencedor.