Dizem que o raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Essa crendice continua forte no pensamento das pessoas. Além de cientificamente provado de que o raio pode cair novamente, essa frase cabe bem a um idêntico acontecimento registrado na mesma semana.

Tudo bem que isso contradiga quando se pensa nos lugares por onde o mesmo criminoso passou, mas o fato, ou melhor, o crime ser cometido da mesma maneira e pelo mesmo autor, é algo controverso e afrontador.

Fazendo-se a contextualização, tudo começa com Ruan Pamponet Costa e o local preferido para suas investidas ilegais são os restaurantes.

Reconstituindo

No sábado passado (16) Ruan foi detido em Goiânia por aplicar o calote de não pagar a conta após consumir diversas bebidas e alimentos. Quando lhe era apresentada a conta, o criminoso alegava problemas de saúde, não se sentia bem. O total cobrado era da aproximadamente R$ 6 mil.

Ele chegou ao estabelecimento da capital goiana e se apresentava como jogador de futebol. Acompanhado de amigos, ele pediu alguns itens extravagantes como duas garrafas de uísque, uma garrafa de vodca e vinte energéticos. Porções de camarão e picanha completam o banquete.

Acreditando na versão cínica, os funcionários do restaurante chamaram os bombeiros para acudi-lo. Foi então que a coisa mudou, pois os socorristas disseram que ele estava bem; ou seja, era uma simulação.

Seguiu-se uma discussão entre os garçons e o criminoso pelo cumprimento de se pagar a conta. Sem perspectiva de receber o valor, chamou-se a Polícia. Ele foi conduzido à delegacia, onde se estipulou uma fiança de R$ 10 mil.

Nada mudou

Liberado, Ruan ouviu a exigência da juíza para que ficasse longe de lugares como bares, prostíbulos e locais de má fama a fim de não praticar novos calotes.

Entretanto, na quinta-feira (21), Ruan Pamponet Costa praticou a mesma ilegalidade em Palmas, capital do Tocantins. Ele consumiu cerca de R$ 5,2 mil em produtos e serviços de um restaurante e fingiu que não se sentia bem quando recebeu a conta para pagamento.

Dessa vez, os funcionários usaram uma tática de que o “cliente” teria que efetuar o pagamento parcial da conta, pois estavam desconfiados de seu comportamento.

Nesse momento, Ruan agiu da mesma forma que fez em Goiânia. E, invariavelmente, a polícia militar foi acionada outra vez para levar o estelionatário à cadeia.

Mais do mesmo

O criminoso vem aplicando esse tipo de golpe há 8 anos em outros seis estados e no Distrito Federal. No Rio de Janeiro, deixou de pagar uma conta de R$ 5,2 mil devida para um quiosque. Além disso, ele “passou a rasteira” em corridas de táxi. Em novembro de 2021, deu o calote de R$ 3,4 mil num restaurante de Fortaleza (CE) e tentou fazer o mesmo em Aracati (CE), porém o desfecho culminou com o seu espancamento.

De acordo com a Justiça, Ruan é investigado por cometer as transgressões em São Paulo, Bahia, Pernambuco, Ceará, Rio de Janeiro e Distrito Federal.

Ao todo, ele é acusado por 41 delitos.

Sua personalidade é tão dúbia que, quando foi preso em Goiânia, se recusou a mostrar a carteira de identidade. Talvez, por isso, até sua idade tem divergências.

Em noticiários pesquisados para a elaboração da matéria, alguns informam de que o criminoso teria 28 anos; outras fontes divulgaram a idade de 42 anos. O que não dá para deixar de registrar é que tem muita coisa estranha e errada na vida desse aventureiro inconsequente e praticante contumaz de crimes.

A famosa alegoria de uma mulher vendada nos olhos e segurando uma balança, personificando a Justiça, recebe críticas e ironias; porém, certamente ela não é tola. Quem está sendo bobo é quem persiste na suposta esperteza e não “muda o disco”, como se fala popularmente.