Oator Jeremy Renner, famoso por filmes como ‘Guerra ao Terror’ e ‘Vingadores’, soltou mais um comentário polêmico em relação às colegas de trabalho. Perguntado sobre a luta pela igualdade salarial entre homens e mulheres em Hollywood, o ator foi – novamente – pouco simpático e disse:

“Não é meu trabalho.Não sei nada sobre contratos, dinheiro, esse tipo de coisa. Sou um artista e conheço o comportamento humano. Quando o assunto é este, eu deixo que as pessoas lidem com isso por conta própria. Faço aquilo em que sou bom e nisso que estou focado”, disse.

A questão foi levantada após Jennifer Lawrence, uma das atrizes mais respeitadas da atualidade, publicar uma carta aberta com o título “Por que eu ganho menos do que meus colegas homens?”. Lawrence segue a deixa de Patricia Arquette, por exemplo. Em pleno discurso de agradecimento no Oscar 2015, a atriz demonstrou sua indignação com a situação de inferioridade salarial que atrizes sofrem em relação aos atores em filmes similares.

Mas o que leva Renner a agir de tal maneira? Durante a campanha de divulgação de ‘Vingadores: Era de Ultron’, ele e Chris Evans (o Capitão América) brincaram com o fato de a Viúva Negra teoricamente ter tido um caso com quatro heróis, chamando-a de “vadia” (traduzindo livremente “slut”, termo utilizado na entrevista).

Evans se desculpou, Renner também. Mas pouco tempo depois o “Gavião Arqueiro” voltou a confirmar sua opinião sobre a heroína, repetindo o mesmo xingamento de antes.

"Veja bem, eu estava falando de uma personagem fictícia e de um comportamento fictício.Se você dormir com quatro dos seis Vingadores, não importa o quanto você tenha se divertido, você é uma vadia.

Só digo isso. Eu seria uma vadia".

A conduta do ator levanta uma questão comum no mundo do Entretenimento: a conivência com comportamentos machistas. Não é difícil observar que existe discriminação no mundo do entretenimento, e Renner viu isso de perto. A primeira mulher a vencer um Oscar por Melhor Direção foi Kathryn Bigelow, exatamente pelo ‘Guerra ao Terror’ que ele protagonizou, apenas OITENTA E UM anos depois que o prêmio começou a ser entregue.

Mas caro Renner, não é porque você não é mulher que você não pode apoiar causas que as dizem respeito. Você não deve querer ser o salvador da pátria realmente, o protagonista de uma luta que não é sua. Bradley Cooper deu um ótimo exemplo, ao dizer que concorda com Jennifer Lawrence vai negociar seus contratos ao lado das colegas mulheres que forem participar das mesmas produções, para que não haja diferença de valores. A luta é delas, elas vão negociar, e ele só não vai atrapalhar.

Jeremy Renner é um reflexo do machismo nas redes sociais, nas grandes corporações, na sociedade como um todo. A discriminação por gênero está escancarada na cara dele, a sua existência é admitida, mas a própria conduta não é alterada por comodidade, conveniência ou até medo de ser “o cara que defende as mulheres”. Mas o que ele não percebe é que mulheres não precisam de defesa. Elas precisam que parem de atrapalhar sua luta pela igualdade de direitos. Simples.