No dia 24 de abril, Juan Pablo Escobar, filho de Pablo Escobar (o maior e mais famoso traficante da história), esteve no programa brasileiro The Noite, da rede SBT. Entrevistado pelo apresentador Danilo Gentili, Juan falou sobre seu novo livro a respeito da vida de seu falecido pai.

O novo livro chama-se 'Pablo Escobar Em Flagrante: O que meu pai nunca contou', e já é o segundo livro lançado por ele, a respeito do assunto. Em seu novo lançamento, Juan faz declarações inéditas sobre o envolvimento de seu pai com a CIA e com a DEA, afirmando que nem todos os agentes eram corruptos, porém, os maiores e os que controlavam os aeroportos de Miami, eram parceiros de crimes de “El Patrón”.

Outro fato curioso contado na entrevista é que o autor conheceu os envolvidos citados no livro e entrevistou, cara a cara, vários dos piores inimigos de seu pai para escrever as declarações. Ele achava que apenas a sua história e de sua família, não seriam interessantes o suficiente para compor a obra e resolveu entrar em contato com quem esteve do outro lado da história do maior narcotraficante da Colômbia.

Na vida em família, Juan afirma que o pai era irreconhecível, uma pessoa completamente diferente de quando estava fora de casa. Para dentro de casa ele trazia diversas lições de valores humanos, respeito pelas pessoas, respeito pela vida e repassava aos seus filhos. Era uma grande contradição, pois ao mesmo tempo que dizia ao filho para não consumir drogas e ser uma boa pessoa, ele mesmo fumava maconha, e cometia crimes hediondos.

Quando Gentili perguntou sua opinião sobre a série, Juan Pablo disse que “narcos é um produto de entretenimento que não traz benefícios para a sociedade. Conta histórias que não são verdadeiras e acabou endeusando a atividade criminal do meu pai. Glamourizou a história e acabou gerando um novo interesse, em uma nova geração de jovens que querem ser Pablo Escobar”.

Ao contrário de seus livros, onde ele afirma que se alguém ler e ter esta mesma ideia, ele terá feito um péssimo trabalho como escritor.

Além disso, ele garante que a produção não conta sempre verdades sobre a história e que muitas cenas são inventadas. Seis meses antes de começarem as filmagens da primeira temporada Juan contatou a Netflix e ofereceu seus depoimentos, fotos, cartas, vídeos e outros documentos que pudessem ajudar a compor a série sobre a história de seu pai.

Porém, os produtores recusaram, alegando não ter interesse e que já sabiam o suficiente, inclusive mais do que Juan Pablo. Ele completou dizendo que quem quiser saber a real história, deve ler os seus livros.

Sobre a interpretação de Wagner Moura, Juan comenta que a primeira temporada, para ele, pareceu uma caricatura de seu pai, já a segunda temporada foi um pouco melhor, mas o sotaque não ajudou a atuação do ator brasileiro.

O escritor e arquiteto revela que assumiu a responsabilidade de pedir perdão pelos crimes de seu pai, já sua mãe e irmã, preferiram o anonimato. A família sofreu uma série de perseguições por parte do governo e também de outras pessoas do ramo do narcotráfico. Inclusive algumas pessoas do povo colombiano culpa os membros da família pelos atos de seu pai, portanto sua família prefere não ficar na mídia, enquanto Juan Pablo prefere disseminar as verdades sobre seu pai e se desculpar sempre que possível pelas atrocidades cometidas.