O ano de 2019 começou com uma grande perda para a tradicional Música sertaneja. Morreu nesta quinta (3), aos 84 anos de idade, o cantor Pedro Bento, que fazia dupla com Zé da Estrada. Eles eram considerados uma das principais duplas representantes da autêntica música sertaneja de raiz.
De acordo com informações passadas por parentes e amigos, o cantor estava internado há uma semana por conta de um infarto e não resistiu às complicações. O velório ocorreu na manhã desta sexta-feira (4), no Ossel Memorial, em São Caetano do Sul, no ABC paulista. A cremação ocorreu no mesmo local.
A carreira
Batizado como Joel Antunes Leme, Pedro Bento nasceu na cidade de Porto Feliz, próximo a Sorocaba, no interior de São Paulo, em 8 de junho de 1934. Ainda garoto, participava das rodas de viola nas quermesses da região. Com 14 anos, fez parte de uma comitiva de festeiros do divino, que percorriam diversas cidades da região, atuando como violeiro. “A gente viajava e o sitiante dava pouso. Nesses pousos do Divino, eu conheci grandes cururueiros de Sorocaba”, disse o artista durante uma entrevista concedida no ano passado ao Jornal Cruzeiro do Sul.
Em 1954, ele conheceu o que viria a ser seu grande parceiro na música e com o qual faria uma das mais tradicionais duplas ao ser convidado para participar do programa de rádio chamado “Manhãs da Roça”, de Chico Carretel, na rádio paulistana Cruzeiro do Sul.
Nos estúdios da rádio teve os primeiros contatos com Waldomiro de Oliveira, natural de Pratânia, na região de Botucatu, que ficou conhecido como Zé da Estrada. Da afinidade musical entre eles nasceu uma dupla, cuja carreira durou 63 anos, até a morte de Zé, em junho de 2017, aos 88 anos de idade.
O nome da dupla foi ideia de Paiozinho, dono da rádio, instantes antes deles se apresentarem.
Waldomiro, antes de se tornar cantor profissional, era caminheiro, daí o apelido de Zé da Estrada. Já Joel Leme ganhou a alcunha de Pedro Bento em razão de Paiozinho o achar parecido com um benzedor. De início, a dupla não se mostrou muito simpática ao nome artístico que lhe foi dado.
“Na hora a gente achou horrível, mas ele era o dono do programa”, disse Pedro Bento.
“Se a gente falasse alguma coisa, ele mandava a gente embora”, completou.
O primeiro disco da dupla foi lançado em 1958 pela gravadora Continental, cujo carro-chefe era a música “O seresteiro e a lua”. Em seis décadas de carreira, a dupla gravou 2 mil músicas, que foram lançadas em 16 álbuns em 78 rotações, 104 em LP e 25 CDs.