Foi exibida na noite da última quinta-feira (4) a última matéria da jornalista Ana Paula Abrão para o programa "Sensacional", de Daniela Albuquerque, na RedeTV!. A jornalista ganhou a confiança da família de Guilherme Taucci Monteiro de 17 anos, um dos acusados do massacre na escola Raul Brasil em Suzano. Ela foi demitida logo após gravar a matéria.
O massacre ocorreu no dia 13 de março e deixou sete mortos, entre alunos e funcionários da escola. Guilherme, um dos acusados, matou seu comparsa depois de atirar em alunos e funcionários, e em seguida de matou.
Com toda a exposição do caso na mídia, muitos jornalistas procuraram a família do assassino para darem entrevistas exclusivas, mas os dois parentes principais dos criminosos não quiserem se expor na ocasião.
A repórter Ana Paula Abrão, que está na profissão há cerca de 13 anos, no entanto, conseguiu o furo jornalístico para a casa que até então trabalhava. A Rede Globo estaria atrás de conseguir este furo há algum tempo, mas não obteve sucesso. Em reportagem exclusiva feita pela jornalista, ela conseguiu mostrar um pouco da intimidade de Guilherme Taucci Monteiro.
Esta acabou sendo a reportagem que marcou a saída da jornalista da RedeTV!. Em seu perfil do Facebook, Ana Paula relatou o fato, de que esta foi sua última matéria para a emissora e que após isso ela foi informada que seria desligada.
A informação que lhe foi dada é que o corte seria devido a uma redução de custos na emissora. Ela, no entanto, comentou que ao se despedir da casa, deixou a matéria e fechou com chave de ouro sua presença na emissora.
Como surgiu a ideia da matéria
A jornalista conta que o "Sensacional" a propôs um tema para matéria que era a respeito do que os filhos fazem na internet.
Diante desta situação, a jornalista respondeu a proposta com outra proposta. Ela foi até a diretoria do programa sugerindo que eles fossem atrás do avô do garoto acusado do massacre, por ser a pessoa indicada como responsável pelo garoto.
Ela disse que queria mostrar a realidade do rapaz que era viciado em vídeo games e queria mostrar na matéria até que ponto isso poderia ter influenciado na decisão de Guilherme de realizar o massacre.
Ela contou que chegou até a família pesquisando a respeito da lan house que foi divulgada como um ponto em comum entre os dois assassinos, lugar em que eles iam parar jogar. Ela relatou que já imaginava que os locais eram todos muito próximos.
Conversou com uma funcionária da lan house que não sabia onde era a casa do garoto. Ela, no entanto, conseguiu o endereço com um vizinho da loja de carros do tio, que estava fechada. Chegou até local que lhe foi indicado e chamou por Luiz, avô de Guilherme.
A família inicialmente não se mostrou receptiva à jornalista, mas ela conta que aos poucos foi ganhando a confiança dos familiares e fez com que eles se sentissem mais seguros para que pudessem falar com ela.
A abordagem de Ana Paula foi feita com base no profissionalismo e humanidade da repórter.
Ela relata que foi uma das coberturas jornalísticas mais difíceis de realizar até hoje. Ela conta que tenta se manter sempre menos envolvida emocionalmente possível, mas que em uma situação dessas ela não conseguiu se manter insensível à dor das famílias e crianças afetadas.
Relembre o ataque em escola de Suzano
No dia 13 de março, a Escola Estadual Raul Brasil foi palco de um grande massacre. Dois jovens invadiram a escola. Eles estavam fortemente armados e dispostos a matar qualquer pessoa que encontrasse pelo caminho.
A merendeira Silmara Cristina da Silva de Moraes percebeu toda a situação e decidiu abrir a porta da cantina e fez com que o maior número de crianças entrasse para tentar se proteger dos assassinos.
No total ela conseguiu fazer com que 50 crianças se escondessem ali.
Em seguida, com a ajuda de outros amigos de trabalho eles usaram um freezer para fazer uma barricada e impedir que os criminosos invadissem o local. Os responsáveis pelo massacre foram Guilherme Taucci, de 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, de 25 anos. Após executarem 8 pessoas, Guilherme matou Luiz e em seguida se suicidou.