A personagem Edilene, da novela "A Dona do Pedaço", faleceu em decorrência de complicações de um aborto realizado através de uma clínica clandestina. Ela foi obrigada por seu patrão, que também era seu amante, a colocar um fim à gravidez.

A cena vivida pela personagem de apenas 21 anos na trama da TV Globo se repete constantemente com diversas mulheres em todo o Brasil. Ela foi ao ar no último sábado (15), e provocou reflexões na sua intérprete, Cynthia Senek, que alegou sair da experiência de filmar a cena como uma pessoa diferente.

Senek agradeceu a Walcyr Carrasco, o autor da novela, e a Amora Mautner, a diretora da trama, pela experiência de viver Edilene, e pela confiança em seu trabalho.

De acordo com ela, o papel era algo complexo e cheio de mensagens importantes que ela adora vivenciar enquanto atriz e pessoa. Cynthia ainda ressaltou que Edilene a fez mudar de opinião a respeito de diversas coisas.

A atriz também aproveitou a ocasião para compartilhar, através de sua conta do Instagram, alguns dados relacionados ao aborto no território brasileiro. De acordo com ela, embora Edilene tenha falecido em consequência do procedimento, ela deixou pontos para diálogo e, dessa forma, é importante discutir algo que faz parte da realidade, independente do posicionamento que se tenha a respeito da questão.

Nesse sentido, Senek ainda apontou que a cada minuto um aborto é realizado no Brasil, independentemente da proibição.

Ela também ressaltou que cerca de 500 mil mulheres abortam por ano no país. De acordo com ela, a escolha passa pelo âmbito pessoal, uma vez que cada um sabe aquilo que está vivendo, de forma que somente a própria pessoa sabe o que será melhor para ela em um determinado momento de sua vida.

Respondendo perguntas no stories

Através da ferramenta stories, Cynthia também aproveitou para responder algumas perguntas dos seus seguidores.

Durante uma dessas respostas, a atriz afirmou que Edilene lhe fez mudar de opinião a respeito das mulheres que decidem realizar um aborto. Ela ressaltou que se considera privilegiada por nunca ter precisado passar por um momento como esse, mas que, ao estudar a respeito do tema, conseguiu compreender as motivações para tal.

A atriz também ressaltou que as pessoas que se apoiam somente na embriologia para formar um posicionamento a respeito disso também está ignorando pontos fundamentais da questão. Assim, de acordo com ela, nos estágios iniciais da gestação não existe um coração batendo, por exemplo, e em outros países abortar durante esse período sequer é considerado aborto.

Também durante a sessão de perguntas e respostas nos stories, Senek respondeu a um seguidor que a questionou se a liberação do aborto no Brasil acarretaria em uma menor prevenção da gravidez. Em resposta ao questionamento, a atriz ressaltou que existem diversas pesquisas capazes de comprovar que isso é um mito, uma vez que quando algo é descriminalizado, os índices tendem a diminuir.