Foi sepultado na tarde desta segunda-feira (29), no Cemitério da Penitência, o corpo da atriz Ruth de Souza. Famosa como a primeira mulher negra a atuar no Theatro Municipal no Rio de Janeiro, sua cidade natal, Ruth morreu neste domingo (28), aos 98 anos. Desde o dia 22 de julho, a intérprete de diversos personagens na televisão e no cinema se encontrava internada no Hospital Copa D'Or, recebendo tratamento de saúde para curar-se de uma pneumonia.

Nascida no Rio de Janeiro, em 1921, Ruth iniciou no Teatro Municipal da Cidade, em 1945, com a peça "O imperador Jones", do produtor Eugene O'Neill, motivada pelo Teatro Experimental do Negro, criado pelo dramaturgo e professor universitário Abdias Nascimento.

No ano de 1954, Ruth de Souza encheu de orgulho a classe artística por ter sido a primeira atriz brasileira a receber uma indicação ao Festival Internacional do Cinema de Veneza, na Itália.

Com "Uma Oração Para Uma Negra", em 1959, de William Faulkner, Ruth ganhou uma bolsa para aprimorar seus conhecimentos artísticos nos Estados Unidos da América (EUA). A minissérie "Se Eu Fechar Os Olhos Agora", de 2019, registra o último trabalho da atriz de belo sorriso.

Famosos lamentam morte da atriz

Consternado com a lacuna aberta pela morte de sua amiga, o ator Milton Gonçalves destacou: "uma pessoa generosíssima, gentilíssima, lutadora, e sempre, sempre, sempre com calma e tranquilidade. Essa era a Ruth".

Sobrinha de Ruth, Glória Maria de Souza, lamentou a morte dessa grande intérprete: "muita saudade, mas ao mesmo tempo a gente compreende que são 98 anos muito bem vividos".

Irmã da intérprete de vários personagens, Maria Pinto de Souza destacou que estava perdendo "uma amiga" e "uma irmã". "Perdi metade da minha vida", disse.

Outro grande nome da dramaturgia brasileira, Nathalia Timberg referiu-se a Ruth lembrando a sua luta para inserção dos atores negros no meio artístico.

O renomado diretor Cacá Diegues ressaltou que Ruth "foi um símbolo da ascensão da qualidade do trabalho dos negros, todos grandes atores".