Desde que a Globo tomou a decisão de interromper as gravações de "Amor de Mãe" e substituir a novela das 21h por um compacto de "Fina Estampa", trama que originalmente foi ao ar em 2011, a história de Aguinaldo Silva se tornou assunto nas redes sociais. Muitos telespectadores usam os seus perfis no Twitter para reclamar da qualidade do texto da novela e para pedir que a emissora coloque outra em seu lugar.
Além das críticas em questão, um personagem em particular é alvo constante de comentários da web: Crô (Marcelo Serrado), o mordomo homossexual de Teresa Cristina (Christiane Torloni).
O motivo para tal está ligado ao fato de que o personagem é completamente estereotipado e conta com uma visão ultrapassada do que seria um homem homossexual. Além disso, o mordomo é completamente submisso a sua patroa e aceita todo o tipo de ofensa por parte dela.
Apesar de todos os pontos, o ator Marcelo Serrado recentemente saiu em defesa do seu personagem destacando que se trata apenas de uma figura que está na trama de "Fina Estampa" para efeitos de humor. Entretanto, para o ator, Crô ainda precisa ser considerado um homem sensível e que vai além da aparência.
Ainda começando sobre o personagem em questão, Serrado destacou que o mordomo é alegre, divertido e que deveria funcionar como um clown (palhaço) na trama de "Fina Estampa".
De acordo com ele, esse personagem não é somente uma alegoria ou uma caricatura exagerada e, caso fosse, ele não teria conseguido chegar “ao coração das pessoas” como aconteceu quando a novela foi exibida pela primeira vez.
Relação entre Crô e Teresa é problematizada nas redes sociais
Embora a figura de Crô seja um alvo constante de críticas nas redes sociais, outro ponto bastante comentado pelos internautas e duramente criticado é o relacionamento entre o mordomo e sua patroa, Teresa Cristina, a vilã de "Fina Estampa".
Ao longo da novela, a madame trata o seu funcionário como se ele fosse um capacho, obrigado a se submeter a todo o tipo de humilhações e xingamentos para manter o seu trabalho. Essas ofensas, aliás, não são nada raras e estão presentes em todas as interações entre os personagens citados.
De encontro a isso, algumas pessoas chegaram a afirmar que rever "Fina Estampa" fez com que elas percebessem que o ano de 2011 ficou praticamente em “outro milênio” devido às mudanças sociais acontecidas desde então.
O internauta em questão chegou a citar o estereótipo de Crô como uma prova de que isso é verdade, visto que os gays vistos em Novelas mais recentes, como "A Dona do Pedaço", não precisam se apoiar em trejeitos ou em ser alívio cômico.
Assistir Fina Estampa me fez perceber que 2011 foi em outro milênio. Do piercing no nariz do Caio Castro, ao estereótipo de personagem gay (Crô) e a edição com várias transições toscas.
— Arthur Pires (@arthuraiquemeda) March 24, 2020
o tanto que eu odeio esse estereotipo de gay que o Crô é, pet de mulher rica, fútil, o gay "bobo da corte"... Gay é mais que isso, sempre foi. https://t.co/PExQ6Jg6h6
— frank ocean do br (@frankoceandobr) March 26, 2020
Apesar disso, Marcelo Serrado afirma não ver problema no seu personagem e na relação entre Crô e Teresa Cristina.
De acordo com ele, tudo é uma brincadeira e uma espécie de jogo de gato e rato entre os dois, visto que o foco principal desse segmento da trama de Fina Estampa é o humor. "Vejo como uma brincadeira de gato e rato, sempre focada no humor", disse.