Nesta última terça-feira (4) voltou a ser exibido pela Rede Globo o seriado “Tapas & Beijos”, que foi ao ar entre os anos de 2011 e 2015.

O programa agora volta à televisão em um país que está bem diferente do da época em que aconteceu a sua estreia na televisão.

Em entrevista ao site Notícias da TV, a atriz Fernanda Torres, que viveu a personagem Fátima, uma vendedora, falou a respeito da sua visão sobre o seriado.

Fernanda Torres avalia personagem de 'Tapas & Beijos'

A atriz acredita que, no momento atual do país, caso a série estivesse indo ao ar com os temas atuais, sua personagem Fátima provavelmente estaria desempregada e na fila para poder receber o auxílio emergencial, que está sendo distribuído pelo governo para as pessoas que estão sendo afetadas pela crise causada em decorrência da pandemia da Covid-19 no Brasil.

Fernanda conta que aceitou participar do seriado da Rede Globo na época em que o Brasil estava passando por uma das menores taxas de desemprego dos último sete anos.

A atriz relatou ainda que, na época em que a série estava sendo exibida originalmente pela emissora, o momento mostrava um verdadeiro “boom” da classe C no país.

Fernanda ainda relembrou que o mercado na época contava com uma busca muito grande por este público, que tinha passado por uma ascensão quanto à condição financeira. Para Fernanda, com as mudanças que têm acontecido atualmente, ela acredita que todos na série certamente estariam na informalidade.

De acordo com o que foi relatado pela atriz, a produção era totalmente voltada para este público que chegava a passar 12 horas fora de suas casas, devido ao expediente do trabalho, e que contava com uma volta conturbada para casa, durante o qual enfrentavam um ônibus lotado e engarrafamentos longos.

As protagonistas da série inclusive passavam a maior parte do tempo em cena usando o uniforme da Djalma Noivas, onde trabalhavam. Elas tinham sossego apenas nos momentos de almoço e no chope durante o happy hour.

A atriz ainda avaliou a respeito da situação dos personagens da série, que ela considerava como um bando de pessoas que eram sozinhas no mundo e que faziam família na rua com outras pessoas.

Ela faz questão de pontuar que o seriado era a respeito justamente destas pessoas que precisam passar o dia inteiro trabalhando e que ainda têm que enfrentar este longo período no transporte para poder voltar de fato para suas residências depois de um expediente longo e cansativo.

Para a atriz, o desafio agora que a série voltou para televisão é de fato se conectar com o público que irá assisti-la, visto que, neste momento, o público tem enfrentado uma onda de desemprego no país e a crise econômica que foi causada pela pandemia da Covid-19.