O arcebispo dom Walmor, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), comentou sobre o aborto realizado na última segunda-feira (17) na menina de 10 anos que engravidou após sofrer abusos do próprio tio. Ao falar sobre o assunto, o líder religioso chegou a se referir ao procedimento de aborto como sendo um “crime hediondo”, afirmando que não tem como se explicar a “violência do aborto”.

Segundo informações divulgadas pela Polícia Civil do Espírito Santo (PC-ES), a menina sofria com os abusos do tio há cerca de quatro anos. O caso se tornou público e chocou todo o Brasil no dia 8 de agosto, quando a menor de idade deu entrada em uma unidade hospitalar com suspeita de gravidez.

Depois disso, exames comprovaram que a garota já estava gestante há 22 semanas e quatro dias.

Diante do caso, a família da menor entrou com um pedido judicial para que fosse realizada a interrupção da gestação. Com a autorização judicial em mãos, a menina expeliu o feto após um procedimento realizado no domingo (16). Para realizar a interrupção da gravidez, a menina teve que viajar para outro estado, isso porque a unidade que havia sido designada pela Justiça para realizar tal procedimento se recusou a fazê-lo. Na manhã desta terça-feira (18), o tio da menina, que até o momento estava foragido da polícia, foi encontrado e preso na região metropolitana de Belo Horizonte.

Walmor preside a CNBB há mais de um ano

Há pouco mais de um ano, Walmor foi eleito como presidente da CNBB e, na ocasião, sua chegada ao órgão foi apoiada por simpatizantes do atual presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). Na época, o youtuber Bernardo Kuster, que apoia Bolsonaro, chegou a sinalizar que a chegada de Walmor à CNBB faria com que o órgão fosse voltado para uma ala mais conservadora da Igreja Católica, sem incluir a comunidade LGBTQ ou outros movimentos sociais.

Arcebispo manifesta sua opinião nas redes sociais

Através de uma nota publicada em seu perfil no Facebook, o arcebispo dom Walmor expressou sua opinião diante do aborto da menina de 10 anos, abusada pelo tio no Espírito Santo. Para isso, Walmor começou afirmando ser lamentável ver pessoas que representam o Estado e a Lei “decidirem pela de uma criança de apenas cinco meses”.

Diante disso, o arcebispo diz que o caso está cercado por “dois crimes hediondos”.

Para o presidente da CNBB, a violência sofrida pela menina “é terrível”, porém, mesmo assim para ele, “a violência do aborto não se explica”, isso diante dos recursos existentes que poderiam “garantir a vida das duas crianças”. E mais, Walmor disse ainda na publicação, que “o silêncio e as vozes que se levantam a favor” do procedimento de aborto exigem que seja realizada uma reflexão profunda “sobre a concepção de ser humano”.