O médico Drauzio Varella e a Rede Globo foram condenados em primeira instância a pagar R$ 150 mil ao pai de um garoto de 9 anos que foi assassinado pela detenta Suzy de Oliveira. O médico e a emissora foram processados pelo pai do menino por danos morais. A juíza Regina de Oliveira Marques, do Tribunal de Justiça de São Paulo, acatou a ação movida pelo pai da criança. Ainda cabe recurso.

'Fantástico'

A detenta Suzy de Oliveira foi mostrada em uma reportagem de Drauzio Varella que foi exibida no programa "Fantástico", da Rede Globo, em março do ano passado.

Nas imagens exibidas pela atração dominical, o médico aparece abraçando Suzy, condenada pelo assassinato e abuso da criança no ano de 2010. O autor da ação afirma que depois que a matéria foi exibida, a detenta recebeu “piedade social”, enquanto ele acabou sofrendo um novo abalo psicológico por relembrar a tragédia.

No entendimento da juíza Regina de Oliveira Marques, a reportagem foi negligente ao não ter tido discernimento de tomar conhecimento dos crimes que a entrevistada cometeu, e que a reportagem causou “desassossego” no pai da criança e a situação ainda causou ao homem uma situação de aflição com implicações psíquicas. Por intermédio da filha, Drauzio Varella informou que não iria comentar a decisão.

A Rede Globo também não se pronunciou sobre o assunto.

Redes sociais

A exibição da matéria pelo programa da Rede Globo repercutiu nas redes sociais após o deputado estadual Douglas Garcia (PSL-SP) divulgar documentos judiciais que apontavam que Suzy foi condenada pelo homicídio da criança de apenas 9 anos. Em março de 2020, Drauzio comentou em suas redes sociais as críticas que recebeu por ter abraçado Suzy na reportagem, dizendo que era médico, e não juiz.

CPI da Covid

O nome do médico foi envolvido em outra polêmica na terça-feira (22). Para defender o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), que foi ouvido como convidado na CPI da Covid, a comissão parlamentar de inquérito que investiga as ações e eventuais omissões do governo federal na gestão da pandemia, o senador apoiador do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) Marcos Rogério (DEM-RO) exibiu na comissão um vídeo em que Drauzio Varella fazia previsões que se mostraram equivocadas sobre o coronavírus.

O vídeo, no entanto, foi gravado em janeiro do ano passado.

Posteriormente, o médico reconheceu seu erro. Muitos senadores criticaram Marcos Rogério pela exibição do vídeo, pois a gravação aconteceu antes mesmo de a Covid-19 ter chegado ao Brasil. A senadora Simone Tebet (MDB-MS) sugeriu que fosse dado ao médico o direito de se pronunciar por 15 minutos, ou que Drauzio Varella enviasse um vídeo para a comissão para poder falar sobre o assunto.