Renato Meneghello, médico oncologista, é autor de um estudo que demonstra como a substância age contra alguns tipos de tumores e um dos desenvolvedores da fosfoetanolamina sintética. Em entrevista, ele disse a reportagem do Estadão que a cápsula contra o câncer não visa ganhos financeiros, defende seu uso e revela não saber por que hospitais e laboratórios não se interessaram em avançar nas pesquisas.

A patente, afirma, “foi requerida para proteger a pesquisa feita no Brasil, foi ofertada a Fiocruz, que manifestou interesse, mas, exigiu que além de abrir mão da patente, renunciássemos ao acompanhamento, ou seja, ao acesso aos testes clínicos e aos resultados”.

Como parte do grupo de pesquisadores que detém a patente da substância,Meneghello trabalhou com o químico Gilberto Orivaldo Chierice, pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), no Instituto de Química de São Carlos. Diz ainda que as críticas de colegas quanto ao uso da substância acontecem por desconhecimento dos estudos.

Meneghello fez sua dissertação de mestrado, defendida em 2007 na USP, sobre a fosfoetanolamina. Os resultados demonstraram que a substância inibiu a progressão e disseminação das células tumorais, sem efeitos colaterais. A tese foi publicada.

O grupo do qual participa teve sete trabalhos publicados com impacto internacional, segundo ele. E afirma que 96 artigos publicados sobre a fosfoetanolamina já existiam, mas que este trabalho do grupo é pioneiro para o combate ao câncer.

A eficácia da fosfoetanolamina se dá ao agir como uma espécie de marcador de células cancerosas, indicando-as ao sistema imunológico, que entra em ação e as elimina.

Pesquisadores recebem homenagem e firma acordo

Os pesquisadores que desenvolveram a substância que ajuda a combater o câncer receberam uma homenagem quarta-feira (14/10) na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, noticiou o G1.Durante o evento, o pesquisador Gilberto Chierice disse:"Esta substância, quando utilizada em câncer, tem conseguido obter resultados fantásticos.

Então eu não vejo porque não experimentar isso".

Os médicos, recebidos por cerca de 500 pessoas, foram convidados a desenvolver um programa de cooperação com dois laboratórios estaduais, que se propuseram a produzir as cápsulas, hoje feitas exclusivamente na Universidade de São Paulo (USP). "Se ele amenizar 20% ou 30% de todo o sofrimento que esta doença causa, já é muita coisa.

É muito mais do que muito remédio que tem liberado aí faz", ressaltou o pesquisador Renato Meneghello.

O governo do Rio Grande do Sul deverá apoiar o processo de aprovação da substância na ANVISA, de acordo com o deputado Marlon Santos (PDT). "É hora de acordarmos. O estado do Rio Grande do Sul acordou", disse o deputado.

Em São Paulo, diversos deputados estaduais querem saber o porquê de o Estado não ter feitoestudos suficientes para verificar a liberação do uso da fosfoetanolamina sintética. O deputado Rafael Silva, do PDT, pretende obter assinaturas para instaurar uma CPI que apure os motivos da inércia do governo estadual sobre a questão.

As cápsulas que são distribuídas há mais de dez anos, apesar de não terem registro na ANVISA, haviam tido suspensas sua produção e distribuição, após portaria da USP São Carlos, que tratava de normatizar esta prática e adequá-la as leis vigentes; entretanto, pressionado pela opinião pública, o judiciário vem liberando sua distribuição, visando atender aos pacientes que nelas vêem às vezes sua última esperança.