Essa semana o ator global José Mayer passou por momentos de repensar as suas ações e pedir desculpas nacionalmente pelos atos de assédio sexual cometidos contra a figurinista Su Tonani. O que poderia ser considerado ‘normal’ uma simples ‘brincadeira’ feita por um ator famoso e rico da maior emissora do país, não foi pela jovem que teve coragem de se expor diante de uma situação tão complicada. Em carta aberta escrita na sessão Agora é que São Elas da Folha de São Paulo, ela escreveu um texto emocionante sobre como lidou com uma das situações mais difíceis enfrentadas em sua vida.

A denúncia foi publicada na última sexta-feira (31) do mês de março, e impressionou inclusive os atores mais antigos da casa. Em tom certeiro ela descreve o que teve que enfrentar enquanto trabalhou como figurinista em uma novela em que o ator figurava como principal esse ano. Ela foi obrigada a conviver com ele por dias a fio, sem questionar sobre o que estava acontecendo, e aceitar com medo de perder o emprego, ou ser rechaçada pelos colegas. E foi exatamente isso que aconteceu, até que Su resolvesse colocar a boca no trombone. Diversos atores e atrizes achando ‘engraçado’ a ‘brincadeira’ do ator consagrado não se impuseram na tentativa de defender a jovem, pelo contrário fizeram com que a suposta ‘normalidade’ dos fatos tornasse a situação ainda mais vexatória.

No limite do absurdo ele colocou a mão em sua vagina, e a chamou de vaca. Depois da repercussão extremamente negativa, o ator ainda tentou dizer que tudo não passou de um simples jogo de cena, e que estaria ‘representando’.

No entanto, a situação foi mais embaixo do que ele esperava, assim como a repercussão do caso. Diante da acusação grave, diversas atrizes da emissora resolveram tomar partido da situação e foram trabalhar com uma camisa dizendo ‘Mexeu com uma, mexeu com todas’, o que foi o ponto definitivo para o rumo dessa história.

Para conseguir abafar o escândalo imediatamente o ator foi afastado da novela e por tempo indeterminado da emissora. Mas somente isso não bastava, era preciso que um mínimo de respeito à vítima houvesse. E assim foi feito quando o artista decidiu por bem se retratar. Uma outra carta aberta chegou à Folha, com o dizeres de arrependimento, de transformação em um homem melhor, de ‘é tudo culpa da cultura machista com que fui criado’, de ‘preciso da ajuda de vocês para me tornar um homem melhor para minha mulher e minhas filhas’.

O caso serviu para demonstrar e questionar em que tipo de sociedade ainda estamos vivendo. O assédio sexual, a violência travestida de ‘brincadeira’ aparece de lugares não muito prováveis, apesar de ser onde mais acontecem, de homens com mulher, filhas, mãe, que se sentem no direito de realizarem atitudes como essa.