O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) irá depor nesta quarta-feira (4) à Polícia Federal sobre as joias recebidas de autoridades da Arábia Saudita. O inquérito da PF apura se Bolsonaro cometeu o crime de peculato ao tentar ficar com os bens que, por lei, deveriam integrar o acervo da União. Além de Bolsonaro, outras nove pessoas também devem ser ouvidas, incluindo o ex-ajudante de ordens que intermediou a tentativa de liberação das joias na alfândega.

Os presentes milionários e a suspeita de crime

Em dezembro de 2022, dias antes de deixar a Presidência, o gabinete pessoal de Bolsonaro pediu à Receita Federal a liberação de um conjunto de joias avaliado em quase R$ 17 milhões.

O pacote foi apreendido em outubro de 2021, no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP), após inspeção nas bagagens de um integrante da comitiva que acompanhou o então ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia) em uma viagem à Arábia Saudita. O pacote não foi liberado e Bolsonaro é acusado de ter tentado ficar com as joias, o que caracterizaria o crime de peculato.

O depoimento de Bolsonaro e outras nove pessoas

Bolsonaro deve depor à Polícia Federal nesta quarta-feira (4) sobre a tentativa de liberação das joias, assim como outras nove pessoas. Entre elas, estão dois auxiliares próximos ao ex-presidente – o ex-ajudante de ordens Mauro Cid e o ex-assessor especial Marcelo Camara – e o ex-chefe da Receita Julio Cesar Vieira.

O depoimento deve ser presencial e a Polícia Federal reforçou a segurança em torno do prédio para onde foi marcado o depoimento e isolou o estacionamento público no local.

A investigação em torno do acervo pessoal de Bolsonaro

O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que os três pacotes de joias presenteados pelo governo saudita fossem entregues à Caixa Econômica Federal, já que, por lei, deveriam integrar o acervo da União.

Dois desses pacotes não tiveram a entrada no país barrada pela Receita Federal e foram armazenados como itens do acervo pessoal de Bolsonaro. A Polícia Federal apura as circunstâncias que resultaram no envio dos conjuntos à guarda pessoal de Bolsonaro.