Existe muita injustiça em todas as áreas do conhecimento. Mas quando se fala em injustiça no meio científico, o primeiro nome que vem à mente é o da biofísica britânica Rosalind Franklin. Ela, junto com Maurice Wilkins, desenvolveram o trabalho de difração de raio x na molécula de DNA, o que se tornou um dos estudos mais importantes para se esclarecer a forma espacial da molécula da vida. Nascida em 25 de julho de 1920, resolveu estudar e pesquisar em uma área dominada por figuras masculinas.
Tornou-se pesquisadora no King's College de Londres, desenvolvendo trabalhos ao lado de Maurice Wilkins com estudos de raio x de moléculas.
A década era a de 50, na qual a corrida científica para a descoberta da estrutura da molécula de DNA estava acirrada entre os mais renomados cientistas do mundo. A dupla Franklin e Wilkins estudava paralelamente a molécula de DNA, e Franklin conseguiu produzir fotografias muito claras que de o DNA tinha o formato de uma hélice. Porém, correndo por fora da disputa, estavam dois cientistas muito ambiciosos, o físico Francis Crick e o biólogo James Watson, que hoje são considerados os "pais" da estrutura do DNA.
Existem muitas histórias a respeito da descoberta da estrutura do DNA. Uma delas relata que Franklin não recebeu as imagens de raio x da molécula, pois já estava em conflito intelectual com seu parceiro de pesquisa, Wilkins.
Um aluno seu então mostrou a fotografia a Wilkins e esse a repassou a Watson e Crick que conseguiram decifrar a estrutura da molécula. Outra história ainda mais folclórica relata que Watson, ao visitar o laboratório de Franklin e ao abrir uma gaveta, teve acesso à foto do raio x de DNA. Crick e Watson, munidos da foto e da teoria elaborado com Chargaf, que tratava da complementaridade entre as bases nitrogenadas (adenina sempre se liga a timina e a citosina à guanina) , eles só elucidaram a quantidade de ligações de hidrogênio entre as bases nitrogenadas, uma vez que o DNA é uma dupla hélice com sequências complementares.
Dessa forma, eles conseguiram elucidar a maior de todas as descobertas científicas até então.
Em 1962, Crick, Watson e Wilkins receberam o prêmio Nobel pela descoberta. O prêmio foi entregue após 4 anos da morte de Rosalind Franklin, vítima de câncer no ovário, aos 37 anos, devido aos seus estudos com raio x. Mesmo sendo o seu trabalho fundamental para a elucidação da estrutura do ácido desoxirribonucléico, Rosalind Franklin jamais foi citada nos artigos da descoberta.
Injustiçada, a cientista não teve tempo de analisar a sua própria descoberta. Mesmo assim, o reconhecimento vem das histórias dessa descoberta e do pioneirismo dessa mulher que soube como ninguém fazer ciência.