Existem cerca de 1.200 espécies de escorpiões no mundo, contudo, duas se destacam no Brasil: o Tityus bahiensis, ou “escorpião marrom” e o Tityus serrulatus, o mais comum ainda, conhecido como “escorpião amarelo”, espécies que foram causadoras das recentes mortes de crianças em Ibirá-SP e São João Nepomuceno-MG. Via de regra, são estes aracnídeos os causadores de incidentes envolvendo picadas no Brasil.

Embora fisicamente não se pareçam, são da mesma família das aranhas.

Os escorpiões possuem hábitos noturnos. À noite caçam, durante o dia eles se escondem em locais providos de sombra e umidade, como por exemplo entre pedras, tijolos, entulhos, frestas de muros, troncos de árvores, etc. Seus inimigos naturais são corujas, gaviões, sapos, algumas espécies de aranha e lagartos, entre outros. As espécies comuns nas cidades estão bem adaptadas ao ambiente urbano. É preciso ter muito cuidado com depósitos, principalmente de material de construção ou áreas com acúmulo de entulho. 

O ocultamento não se dá, necessariamente, em “casas sujas”. Podem vir da rua ou da vizinhança.

Sob a luz do dia, eles procuram escapar do calor procurando sombra e umidade. Locais como terrenos baldios, áreas com acúmulo de lixo, onde há pouco ou nenhum engajamento da sociedade e do Poder Público em favor da limpeza urbana podem se converter em ambientes propícios a ocorrência esporádica ou infestação destes predadores.

Quando anoitece, eles saem da toca para captura, nas vizinhanças, de suas presas, baratas, grilos, cupins, aranhas de pequeno e médio porte, etc.

Procriação

Na espécie amarela, especificamente, o óvulo se transforma diretamente em embrião (sem fecundação, macho inexiste na espécie) dando origem, por gestação, a novas fêmeas. Esse processo é denominado partenogênese, já as demais espécies apresentam os dois sexos, havendo acasalamento.

A fêmea fica em gestação entre 2 e 3 meses, conforme a espécie, a ninhada pode ter até 20 filhotes. Um dado peculiar é que a mãe transporta a ninhada nas costas, até que consigam se alimentar sozinhos. Ficam adultos após um ano do nascimento, vivem entre 3 a 4 anos, encerrando seu ciclo de vida.

Quais os efeitos das Picadas?

Indivíduos de quaisquer das 1.200 espécies são equipados com um ferrão, na ponta na cauda, podendo inocular veneno, sendo, por isso, catalogados como Animais peçonhentos. As picadas são mais recorrentes na primavera e no verão. A gravidade dos efeitos da picada no corpo humano dependerá de alguns fatores: local da picada, sensibilidade do organismo e idade da vítima. A gravidade dependerá do caso.

Nos casos leves, a vítima da picada sente dores fortes. Nos casos moderados, o paciente apresenta náuseas, vômitos, suor abundante, sialorreia (transbordamento de saliva), taquicardia e taquipneia (aceleração da respiração). Nos casos graves, o acidentado apresenta quadro de bradicardia (de redução dos batimentos ao risco de parada cardíaca), convulsão, coma, choque, edema agudo de pulmão.

Quem vai concluir se uma picada é grave ou não, levando em conta os fatores citados, é o médico socorrista, que decidirá ainda o tratamento a ser ministrado. A falta de socorro médico (ausência de tratamento adequado ou de médico), o socorro médico tardio ou precário (ausência de unidades de saúde equipadas), a insuficiência ou ausência de antídotos (por falta de planejamento ou ataques numerosos), ou simplesmente a idade e a sensibilidade do organismo podem, a despeito do atendimento, decidir entre simples dor e desconforto ou a morte. 

Não existe “remédio caseiro” para tratamento de picada de escorpião

De acordo com Fabrício Florentino (Técnico de Vigilância em Saúde), há em Minas Gerais uma medida de desabastecimento do soro, havendo drástica redução na produção do mesmo. No estado de São Paulo, a produção é do Instituto Butantã, que garante produzir o suficiente.