O Jesus histórico e o Jesus bíblico diferem em muitos pontos, já, em outros, há concordância entre historiadores e religiosos. Uma das polêmicas que desperta a curiosidade das pessoas, cristãs ou não, é sobre a relação entre Jesus Cristo e Maria Madalena. Assim, para alguns, além de ser uma questão de fé, a existência da maior liderança que o mundo já conheceu, muitas vezes acaba sendo uma questão de ciência também.
Para grande parte dos historiadores, Jesus realmente existiu. O ponto de divergência entre eles e os praticantes do cristianismo é o fato do personagem histórico ser muito diferente do que é retratado pela Bíblia.
Um dos pontos de discórdia é não ter prova de que ele realmente nasceu em 25 de dezembro, quando se comemora o Natal. Essa data foi escolhida pela igreja católica para coincidir com a celebração do nascimento de Mitra, o deus do Sol, uma festa pagã que já existia.
O beijo de Maria Madalena e Jesus
Depois de Maria, a mãe de Jesus, Maria Madalena é uma das figuras femininas mais importantes do Novo Testamento. Para os historiadores, ela pode ser uma prova de que Jesus era acompanhado de apóstolas e não apenas dos apóstolos, indo contra a doutrina católica de permitir que apenas os homens ocupem cargos importantes, como padres, por exemplo.
Maria Madalena tem um papel central nos Evangelhos porque também foi a primeira a visitar o sepulcro de seu mestre e perceber que seu corpo havia desaparecido, sendo a primeira pessoa a reconhecer a ressurreição de Cristo.
Em uma entrevista à revista Veja, o historiador André Chevitarese, que atua como professor do Instituto de História da UFRJ e escreveu os livros "Jesus Histórico - Uma Brevíssima Introdução" e "Cristianismos: Questões e Debates Metodológicos", ambos pela Editora Kline, disse que no ano 591, o papa Gregório Magno proferiu uma homilia juntando duas mulheres diferentes lembradas no Evangelho de Lucas.
Ele disse que uma mulher "pecadora", no caso, uma meretriz da época, e Maria Madalena seriam a mesma pessoa. Assim, criou-se uma conotação de que as mulheres eram demoníacas.
No século XIX, a Igreja católica resolveu voltar atrás e promoveu Maria Madalena de meretriz a santa, porém, sua imagem de mulher pecadora continuou incutida no imaginário cristão.
Em relação a um suposto casamento com Jesus, algumas teorias apontam que tudo começou em uma passagem do Evangelho apócrifo de Felipe, onde eles aparecem se beijando.
Para o historiador André Chevitarese, se o fato for analisado com uma perspectiva atual, alguns dos colegas entendem haver um elemento erótico na passagem, mas por outro lado é preciso considerar que no mesmo evangelho Jesus aparece beijando seus apóstolos homens e isso jamais foi considerado anormal. Para ele, usar um fato como esse para afirmar que Jesus mantinha relacionamento com Maria Madalena é muito vago e jamais poderá ser confirmado. "Isso passa longe de fazer história", disse ele.
Filme retrata vida de Maria Madalena
A polêmica sobre o assunto não será discutida apenas no Natal, mas nas salas de cinema a partir do ano que vem, quando estreia o filme "Madalena", em 28 de março de 2018.
Maria Madalena será interpretada pela atriz Rooney Mara e o ator Joaquin Phoenix será Jesus.
O filme mostra a história de Maria Madalena sobre uma perspectiva diferente, tentando encontrar uma nova maneira de viver. Na história que chegará aos cinemas, a relação entre Jesus e Maria Madalena é muito próxima, mas o foco não é a história do líder cristão, e sim a trajetória de Madalena.