De onde os humanos vêm e para onde eles vão são questões corriqueiras entre os assuntos do dia a dia. Mas, e os Animais? O que acontece com eles quando morrem? Um estudo feito pela Universidade Federal de Lavras (Ufla-MG) estima que, aproximadamente, 475 milhões de animais silvestres morram atropelados nas estradas do país por ano. Isso porque a estatística fala apenas dos atropelados aqui no Brasil.
As principais causas de mortes além dos acidentes são as doenças e o descaso humano com o meio ambiente, causando a extinção de várias espécies e também as mortes por causas naturais.
Com os bichos mais próximos, os famosos pets, como cães, gatos e papagaios, não seria diferente, já que o processo da morte está para todos os seres deste planeta.
A morte e destino dos animais
Humanos passam boa parte da vida alheios ao episódio da morte. Mantém certa curiosidade sobre o além em conversas e observações, mas, quando a morte se apresenta entre familiares humanos ou de quatro patas, eis que o choque e a tristeza são, na maioria das vezes, inevitáveis. A morte traz momentos de reflexão e introspecção sobre o além-túmulo. Fala-se, muitas vezes, das possíveis experiências e daquilo que talvez possa ser encontrado do lado de lá. Mas quando se trata dos amados bichinhos de estimação, grandes dúvidas surgem como estas: possuem eles céu próprio?
Reencarnam? Vagam próximos ao dono quando morrem? Existem anjos da guarda para eles? Reencontram seus donos, então falecidos no além? Baseado nessas e várias outras questões que trazem dúvidas, trazemos 4 religiões que tratam o tema de forma única.
1 - Budismo
O mantra OM MANI PADME HUM (saúdo a jóia de lotus) fala um pouco sobre este processo da morte dos carinhosos bichos.
Separando o mantra por sílabas, a parte do PAD traz o fechamento da porta para o sofrimento de renascer no reino animal. O sofrimento dos animais é o da estupidez, da caça de um sobre o outro, de ser morto pelos homens para obtenção da carne, peles e demais partes de interesse humano, e de ser morto por animais dominantes por dever.
Esse sofrimento vem da quase completa ignorância.
O Budismo nos traz que entre os reinos existentes, um ser pode renascer tal como homem, tal como animal. Falam da existência de vários "céus", embora eles não sejam lugares permanentes, pois eventualmente o ciclo da vida começa novamente e o ser renasce (reencarna) em outro lugar, e isso continua até o Nirvana. A religião Budista também vê os animais como sencientes assim como os seres humanos, ou seja, são capazes de sofrer, sentir prazer e também ter felicidade. Dessa forma, renascendo como humanos ou como animais, todos estão ligados pelo elo da vida cósmica universal, dando a noção de que o céu é para todos e que animais têm sim sua vidinha canina, felina ou equina do outro lado.
2 - Hinduísmo
O Hinduísmo também descreve um tipo de reencarnação. A alma que é eterna renasce em um plano diferente depois da morte e continua com este processo até que esta alcance a purificação e seja completamente libertada das mazelas da carne. Para os hindus, os animais têm uma alma sim, e aqueles que estudam o Hinduísmo ainda dizem que essas almas evoluem para o plano humano durante os vários processos reencarnatórios.
Então , assim como na filosofia Budista, no Hinduísmo os animais são uma parte do mesmo ciclo "vida-morte e renascimento" que os humanos, mas em um determinado momento, quando atingem evolução suficiente, eles deixam de ser animais e passam a reencarnar como seres humanos, para que possam estar mais próximos do criador Deus.
O conceito hindu sobre a alma dos animais e da questão evolutiva através dos processos de reencarnação, traz a ideia de que eles podem fazer parte dessa mesma essência espiritual das pessoas e que juntos cruzam o universo numa jornada progressiva.
3 - Judaísmo
No Judaísmo, não há uma definição exata sobre se o céu e o inferno de fato existem. Há muitos lugares ou planos espirituais mencionados nos escritos judaicos que parecem ter semelhança com eles, mas que segundo estudiosos, são difíceis de analisar. Por essa razão, não há uma visão clara se no Judaísmo os animais vão para estes planos sublimes (céu) ou não. Alguns rabinos dizem que sim, que como seres espirituais, eles também podem desfrutar destes lugares após a morte, outros dizem que não.
No entanto, o Judaísmo afirma de forma muito clara que os animais têm sim uma alma e que merecem todo o respeito como seres que estão evoluindo. Os Judeus mantém a sua forma de alimentação chamada Kosher. No Kosher, certos tipos de bichos não são autorizados para consumo. Estão incluídos o porco, coelho, caranguejo, camarão e também nenhum tipo de sangue, nem mesmo carne mal passada tão comum nos restaurantes e casas mundo afora. Eles acreditam que o sangue representa a total essência do ser, sendo assim um enorme desrespeito a vida.
Dessa forma, nos animais permitidos é necessário um ritual específico para o abate, e assim sejam consumidos pelos Judeus. No entanto, dizem os estudiosos que não há uma conclusão sobre o que é uma "alma" animal e se esta é tão importante e divina assim como a alma humana.
Os animais no Judaísmo são reconhecidos como seres espirituais e divinos. São parte de um todo não menos importante.
4 - Espiritismo
De acordo com J. Martins Peralva, que segundo a Federação Espirita Brasileira é uma das figuras mais destacadas do espiritismo de Minas Gerais, não é fácil para os homens aceitarem a ideia de que os animais possuem alma. Diz ele: "os homens estão apegados a imagem de que são seres privilegiados da criação, e é penoso quebrar o orgulho admitindo que o espirito uma centelha divina que encarna gênios, e cursam universidades e institutos científicos, passou pelo reino animal ensaiando os primeiros passos da evolução."
Allan Kardec o codificador da Doutrina Espírita, afirma que os animais têm alma, de forma rudimentar, que se humanizará com o tempo.
Sobrevivem ao corpo, de acordo com o capítulo Os animais e os homens, nas questões 592 a 610 de o livro dos Espíritos.
Chico Xavier o maior nome do espiritismo brasileiro também segundo a Federação Espírita Brasileira, tinha grande admiração e afeto pelos bichinhos. No livro Alvorada do Reino, psicografado pelo médium, segundo Chico o seu espírito guia Emmanuel assevera: "O animal caminha para a condição do homem, tanto quanto o homem caminha no encalço do anjo". E ainda preceitua: "no reino animal, a consciência, a feição crisálida, movimenta-se em todos os tons do instinto, no rumo da inteligência, objetivando a conquista da razão sublimada pelo discernimento."
O Espiritismo tem como base o princípio da evolução pela lei da reencarnação, e nesta lei os animais se encontram também incluídos como seres evolutivos, tendo uma alma que progride e caminha pela eternidade rumo aos reinos superiores do ser.
No livro espírita 'O Consolador' encontra-se esta passagem:
"A alma dorme na pedra, sonha na planta, move-se no animal e desperta no homem."