Dois gêmeos idênticos foram condenados pela Justiça de Cachoeira Alta, em Goiás, a pagar pensão à mesma filha. Isso porque como ambos não quiseram assumir a paternidade da menina, foram submetidos a exames de DNA. O exame comprovou um código genético completamente igual, isso pelo fato deles serem gêmeos univitelinos. Desta forma, o juiz Filipe Luís Peruca optou por mandar os dois assumirem a criança e assim a menina passa a ter dois nomes paternos nos documentos. A mãe irá receber 30% do salário de cada um dos gêmeos como pensão alimentícia.

A identidade dos réus está sendo mantida em sigilo, no entanto, segundo informações, nenhum dos dois assumiu a paternidade e ficam empurrando de um para o outro a responsabilidade sobre a filha.

Segundo a decisão do juiz, um dos gêmeos está agindo de má-fé, ocultando a paternidade da criança. Ainda segundo o magistrado, durante toda a vida os gêmeos tiraram proveito de serem tão parecidos e um até usava o nome do outro para ficar com mais mulheres ou para esconder traições em seus relacionamentos.

Em relato à Justiça, a mãe da menina disse ter conhecido um dos irmãos em uma festa de amigos. Os dois começaram então a manter um relacionamento e ele até chegou a revelar que tinha um irmão gêmeo. No entanto, nunca apresentou o mesmo para a companheira. A situação ficou ainda mais complicada para a mulher porque no dia que se encontraram seu companheiro estava com uma moto amarela, que dizia ele ser de seu irmão.

Segundo a mulher, é muito triste ver a atitude tomada pelos irmãos, sabendo que ambos sabem quem é o verdadeiro pai.

Multiparentalidade biológica

Segundo informações do juiz Filipe Luís Peruca, o conceito de família está atualmente se adaptando à evolução da sociedade e esse foi o critério usado por ele para deferir os dois irmãos como pai de uma mesma filha.

Filipe também relatou que é comum a multiparentalidade afetiva, que consiste quando uma pessoa pede para reconhecer um ente querido em seus documentos, mesmo sem manter com os mesmos laços sanguíneos.

Caso parecido

Esse não foi o primeiro caso que chegou à Justiça por causa de DNAs iguais, isso porque em 2007 Holly Marie Adams teve que recorrer à Suprema Corte dos Estados Unidos depois de ter dois testes laboratoriais identificando dois gêmeos como pais de sua filha.

Mas neste caso, Holly não estava sendo enganada pelo companheiro e disse a todo o momento que Raymon Miller seria o verdadeiro pai da menina. Desta forma, a Justiça optou por ignorar os testes de paternidade e ordenou Raymon assumir a menina, sem que o irmão Richard fosse condenado.