Clássica expressão nas CPIs e no meio político, "terminar em pizza" surgiu, na realidade, bem longe dos palanques políticos.
Durante a década de 1960 ocorreu uma longa reunião entre os dirigentes do Palmeiras (clube de futebol fundado principalmente por italianos e descendentes em 1914), e após várias horas de discussões e conflitos, a reunião foi interrompida para uma refeição que teve a pizza como prato, e com a confraternização foi encerrada a discussão, e os ânimos, antes exaltados, deram lugar a um ambiente de conciliação.
Foi então que o jornalista e locutor esportivo Milton Primo Pierini Peruzzo, o Milton Peruzzi, na época repórter do jornal A Gazeta Esportiva, noticiou no dia posterior o artigo: “Crise do Palmeiras acaba em pizza”.
Milton Peruzzi frequentemente usava a expressão para se referir ao fim de um conflito nos bastidores dos clubes de futebol de São Paulo. A expressão é uma versão com sentido semelhante à carioca "acabar em samba", referindo-se ao talento brasileiro para os desfechos festivos e a amizade peculiar do jeitinho brasileiro.
Autor da célebre frase, o jornalista faleceu no dia 21 de fevereiro de 2001, em São Paulo, vítima de câncer. Em sua homenagem, o Palmeiras batizou a sala de imprensa da Academia de Futebol com o nome de Peruzzi.
Pizza: dos gramados para a CPI
A expressão ganhou manchete novamente no início dos anos 1990, mas em outro contexto. Fora dos gramados, durante depoimento à CPI do PC Farias, a secretária Sandra Fernandes de Oliveira denunciou a chamada Operação Uruguai, montada para maquiar a real origem da fortuna do então presidente Fernando Collor.
"Se isso realmente acabar em pizza, como querem alguns, acho que é o fim do país", disse ela na ocasião, fazendo alusão à conclusão da comissão sem um resultado, e assim incorporando a expressão ao meio político.
Acabou em pizza? CPIs não têm objetivo punitivo
A imprensa alimenta uma ideia que a CPI seja um julgamento muito rápido e que acaba em pizza, entretanto, a CPI tem uma reduzida capacidade de punir e possui como papel principal desenvolver a discussão do assunto pelo poder Legislativo, que não tem como atividade típica julgar.
Com o resultado da CPI é possível criar artefatos em forma de relatórios, que podem ser encaminhados a outros poderes e órgão competentes.
Após a conclusão de uma CPI, o relatório pode ser enviado para outros poderes e, a partir daí, gerar um processo e até mesmo uma punição. Diversas CPIs terminaram sem conclusão, mas nem sempre acabaram em pizza.