Nesta terça-feira (9), o Ministério Público de Goiás apresentou novas mensagens entre a quadrilha de apostadores e o zagueiro Eduardo Bauermann, afastado pelo Santos. Em uma das mensagens, um dos integrantes do grupo encaminha ao jogador uma frase ameaçadora contra um adversário.
O conflito entre eles teve início após Bauermann receber R$ 50 mil para receber um cartão amarelo no jogo entre Santos e Avaí, o que não ocorreu. Já tendo ficado com o dinheiro, mas não cumprindo com o acordo, o zagueiro aceitou outra aposta: seria expulso no jogo seguinte, contra o Botafogo.
Antes da partida, o jogador até brincou com o apostador dizendo que iriam "reerguer a firma".
O zagueiro Eduardo Bauermann foi expulso após o jogo contra o Botafogo, mas o cartão vermelho recebido não é válido para algumas casas de apostas. O jogador recebeu pressão para devolver o dinheiro, chegando a cogitar repassar parte de seus direitos econômicos futuros.
O jogador Eduardo Bauermann, que foi afastado pelo Santos, foi alvo de uma denúncia feita pelo Ministério Público de Goiás no âmbito da Operação Penalidade Máxima. De acordo com a denúncia, ele teria recebido R$ 50 mil para levar um cartão amarelo em uma partida, mas não cumpriu o combinado. Em seguida, aceitou outra aposta e foi expulso em outra partida.
Posteriormente, foi pressionado a devolver o dinheiro e cogitou até mesmo repassar aos apostadores uma porcentagem de seus direitos econômicos em uma futura negociação. Bauermann ainda mencionou que conseguiria outros dois jogadores do Santos dispostos a receber cartão em troca de dinheiro.
Durante o período de nascimento de sua filha, Bauermann continua mantendo contato com os apostadores e faz depósitos para devolver o dinheiro recebido.
O empresário do jogador, Luiz Taveira, também é mencionado em uma das mensagens, sugerindo que Bauermann deveria ter agredido um adversário para ser expulso no jogo contra o Botafogo.
Luiz Taveira, em contato com o ge, afirmou que tinha conhecimento da proposta feita a Bauermann e aconselhou o jogador a não aceitar o cartão no jogo contra o Botafogo.
Ele também disse estar em negociação com os aliciadores para restituir o dinheiro recebido pelo zagueiro.
Afastamento
Na manhã desta terça-feira, o presidente do Santos, Andres Rueda, se reuniu com o zagueiro Eduardo Bauermann e decidiu pelo afastamento do jogador. Posteriormente, o grupo foi convocado para uma reunião no CT Rei Pelé para tratar do assunto.
Nota publicada pelo Santos
O Santos Futebol Clube emitiu um comunicado informando que o zagueiro Eduardo Bauermann foi afastado preventivamente dos treinos com o elenco profissional a partir desta terça-feira, devido aos novos desdobramentos divulgados na Operação Penalidade Máxima 2, do Ministério Público de Goiás. Segundo o comunicado, o jogador permanecerá fazendo atividades físicas no CT Rei Pelé enquanto aguarda a definição da Justiça sobre a aceitação da denúncia.
O Clube disse que tomará novas ações, sempre visando preservar a instituição.
Entenda o caso
De acordo com a revista Veja, o Ministério Público de Goiás está investigando possíveis manipulações de jogos de futebol em diversas competições brasileiras, incluindo partidas da Série A e B do Campeonato Brasileiro de 2022 e jogos de estaduais deste ano. Segundo a publicação, pelo menos 20 partidas estão sob análise do MP, que baseou sua nova denúncia em informações obtidas em fases anteriores da Operação Penalidade Máxima e ainda aguarda uma resposta da Justiça.
A investigação se concentra em apostas envolvendo lances como cartões e pênaltis. O MP aponta Bruno Lopez de Moura como líder da quadrilha de manipulação de resultados.
Cerca de 16 pessoas podem ser acusadas. Na fase anterior, jogadores como Victor Ramos, Kevin Lomónaco, Paulo Miranda, Igor Cariús, Moraes e Gabriel Tota foram alvos de busca e apreensão.
O Ministério Público de Goiás acrescentou os nomes de três jogadores à lista de investigados por manipulação de resultados no futebol brasileiro: os volantes Fernando Neto e Nikolas e o atacante Jarro Pedroso. O MP-GO pede que os envolvidos sejam condenados e que seja feito o ressarcimento de R$ 2 milhões aos cofres públicos por danos morais coletivos.
Resultados que de acordo com o MP-GO, foram manipulados
Palmeiras 2 x 1 Juventude
Segundo informações obtidas na investigação do MP-GO sobre manipulação de resultados no futebol, foi oferecido um valor de R$ 30 mil para que o lateral-esquerdo Moraes, do Juventude, recebesse um cartão amarelo em uma partida.
Antes do jogo, R$ 5 mil foram pagos ao atleta e ele de fato foi advertido durante a partida.
Portuguesa 3 x 0 Bragantino
Ofereceram R$ 200 mil para que Lomónaco, jogador do Bragantino, cometesse um pênalti no primeiro tempo, mas ele recusou a proposta e não cometeu a infração.
Esportivo 0 x 0 Novo Hamburgo
Antes do jogo do Campeonato Gaúcho deste ano, foi feita a promessa de pagamento de R$ 80 mil para que o jogador Nikolas, do Novo Hamburgo, cometesse um pênalti. Como parte do acordo, R$ 5 mil foram depositados antecipadamente. Nikolas cumpriu a promessa e cometeu a penalidade.
Caxias 3 x 1 São Luiz
Antes da partida do Campeonato Gaúcho de 2023, houve uma promessa de pagamento de R$ 70 mil para que Jarro Pedroso, do São Luiz, cometesse um pênalti no primeiro tempo.
R$ 30 mil foram depositados antecipadamente. O jogador fez a falta aos 15 minutos do jogo e, aos 28, pediu para ser substituído.
Juventude 1 x 1 Fortaleza
Antes do jogo, Gabriel Tota, do Juventude, recebeu R$ 5 mil para transferir a Paulo Miranda a promessa de pagamento de R$ 60 mil para que o zagueiro recebesse um cartão amarelo, o que de fato ocorreu durante a partida.
Goiás 1 x 0 Juventude
Antes do jogo, houve um acordo para pagar R$ 20 mil a Moraes, lateral-esquerdo, para que ele recebesse um cartão amarelo, e R$ 50 mil a Paulo Miranda, zagueiro, com um adiantamento de R$ 10 mil. O pagamento foi feito na conta de Gabriel Tota, que deveria repassar ao zagueiro.
Ceará 1 x 1 Cuiabá
Antes do jogo, foi feita a promessa de pagamento a Igor Cariús, do Cuiabá, para que ele levasse o cartão amarelo, sem definir um valor total.
No entanto, R$ 5 mil foram entregues ao jogador. Durante o jogo, ele recebeu o cartão amarelo e ainda teve um segundo, resultando em sua expulsão.
Red Bull Bragantino 1 x 4 América - MG
Antes do jogo, foi acordado o pagamento de R$ 70 mil, sendo R$ 30 mil já entregues, para que o zagueiro Kevin Lomónaco, do Bragantino, levasse um cartão amarelo. E de fato, o jogador recebeu a punição durante a partida.
Cuiabá 1 x 1 Palmeiras
Houve uma oferta de pagamento no valor de R$ 60 mil para que o lateral-esquerdo do Sport, Igor Cariús, recebesse um cartão amarelo durante a partida. Não há informações se o pagamento foi efetuado ou se a proposta foi aceita.
Sport 5 x 1 Operário
Antes de uma partida do Operário na Série B do Campeonato Brasileiro do ano passado, houve uma promessa de pagamento de R$ 500 mil, sendo que R$ 40 mil foram pagos antes do jogo ao volante Fernando Neto para que ele levasse um cartão vermelho.
No entanto, o jogador não foi expulso durante a partida.
Guarani 2 x 1 Portuguesa
Segundo informações divulgadas pelo Ministério Público, houve uma promessa de pagamento de R$ 100 mil para que o jogador Victor Ramos, da Portuguesa, cometesse um pênalti em uma partida. Porém, não houve depósito antecipado nem aposta no jogo, já que três dos denunciados não conseguiram encontrar jogadores para manipular resultados na mesma rodada do Paulistão deste ano.
Mais detalhes sobre a operação Penalidade Máxima
As investigações tiveram início no final de 2022, após o volante Romário, do Vila Nova-GO, aceitar uma oferta de R$ 150 mil para cometer um pênalti no jogo contra o Sport pelo Campeonato Brasileiro da Série B.
Ele recebeu um adiantamento de R$ 10 mil e só receberia o restante após a partida. No entanto, como não foi relacionado para o jogo, tentou convencer seus colegas de equipe, mas sem sucesso.
A história acabou vazando e o presidente do Vila Nova, Hugo Jorge Bravo, um policial militar, investigou o caso e entregou as provas para o Ministério Público de Goiás. A primeira denúncia, feita há dois meses, apontava três jogos suspeitos na Série B do ano passado, mas havia suspeita de que a operação envolvia mais jogos em diferentes competições, o que acabou se confirmando. Agora, as investigações chegaram à Série A.
O Ministério Público denunciou oito jogadores de diferentes times por suposta participação no esquema de manipulação de resultados.
Eles agora são réus na justiça. Os jogadores envolvidos são Romário, Joseph, Mateusinho, Gabriel Domingos, Allan Godói, André Queixo, Ygor Catatau e Paulo Sérgio. Alguns deles já não estão mais nos times em que jogavam quando supostamente cometeram os atos ilícitos.
Segundo a denúncia do Ministério Público, os oito jogadores são acusados de envolvimento em um esquema de combinação de resultados em três partidas específicas: Vila Nova x Sport, Criciúma x Tombense e Sampaio Corrêa x Londrina. A intenção era cometer pênaltis no primeiro tempo dos jogos para favorecer a manipulação de resultados. No entanto, o plano não foi realizado na partida entre Vila Nova e Sport, uma vez que Romário e Gabriel Domingos não atuaram naquele jogo.