A justificativa de que o volante do Atlético Mineiro, Adílson, estava fora do jogo desta quinta-feira (11), contra o Cruzeiro, pelas quartas de final da Copa do Brasil, serviu para encobrir um problema muito grave e que encerrou precocemente a carreira do jogador, aos 32 anos.

Nesta sexta-feira (12), em entrevista coletiva concedida no CT do Galo, o volante anunciou que está encerrando sua carreira de jogador profissional por conta de problemas cardíacos. Durante o pronunciamento, ele chegou a ir às lágrimas, e foi consolado pelo lateral Patric.

Exames feitos durante a pausa para a disputa da Copa América diagnosticaram uma cardiomiopatia hipertrófica. A doença do atleticano é a mesma que, em 2004, vitimou o zagueiro Serginho, do São Caetano, em jogo contra o São Paulo, válido pelo Campeonato Brasileiro.

Decisão unânime pela aposentadoria

Haroldo Aleixo, cardiologista do Atlético Mineiro, explicou que após ser detectado o problema no atleta, o assunto foi discutido com o médico do jogador e junto de um terceiro profissional. A decisão foi unânime em optar pelo encerramento da carreira profissional do jogador. “Houve uma unanimidade sobre a conduta, que decidiu por abreviar (...) a carreira do Adilson”, disse Aleixo.

O cardiologista disse ainda que outros exames já haviam detectado "características específicas" no atleta, o que faziam a equipe médica do clube dispor de um cuidado pessoal com o jogador, mas que até o exame realizado na pausa do Campeonato Brasileiro, nenhuma anormalidade havia sido detectada.

“O Adilson tinha algumas características específicas que nos faziam ter um cuidado especial”, disse. Aleixo reforçou ainda que, exceto por essa última, todas a baterias de exames indicaram que o atleta estava apto a praticar o Futebol sem riscos. Ele lembrou ainda que essa doença pode se expressar em qualquer fase da vida e não apenas na adolescência ou infância.

Por fim, o cardiologista falou que esta é uma notícia muito rim de se dar, mas que antes da carreira, está preservando a vida do atleta e que se ele seguisse jogando, poderia trazer “riscos inaceitáveis”. Ela nos deixa (a notícia sobre o fim da carreira do jogador), de certa maneira, confortados, por saber que estamos conseguindo salvar a vida do Adilson”, falou.

Vai seguir no clube

Muito aplaudido pelos demais jogadores do Atlético, que acompanharam a entrevista coletiva, Adílson agradeceu o apoio dos companheiros e também dos familiares e disse que está bem e que seguirá no clube, agora desempenhando outras funções. “Queria tranquilizar a todos. Estou bem, não tive nenhuma reação física nesse processo todo”, disse. “A vida vai seguir, eu vou seguir aqui no dia a dia do clube”, revelou.

Após a realização dos exames, Adílson ficou afastado dos últimos treinamentos e a versão de que ele havia se afastado para resolver questões pessoais foi dada para não expor a situação antes do importante jogo contra o Cruzeiro, pela Copa do Brasil.