A recolocação de milhares de refugiados nos países europeus está passando por enormes dificuldades, parte delas burocráticas, mas principalmente, porque a maioria dos requerentes de asilo não quer ser recolocada. De acordo com informações do  jornal “Diário de Notícias”, um dirigente dos Serviços Estrangeiros e Fronteiras português (SEF) garantiu que o modelo europeu que está sendo utilizado para recolocar milhares de refugiados é muito lento para os enormes desafios que essa crise migratória está representando.

Passados dois meses do acordado entre 14 Estados membros de receber 160 mil refugiados, a maioria continua nos centros de acolhimento da Itália e da Grécia.

Como afirma o jornal “Diário de Notícias”, a maioria dos refugiados quer seguir para a Alemanha ou Suécia, pelas seguintes razões: oportunidades de trabalho, família vivendo lá e maiores possibilidades de terem uma boa qualidade de vida. Segundo o jornal, a Península Ibérica é como se fosse desconhecida para os refugiados e a preferência deles será sempre pelos países do Norte.

Há poucas semanas, a Espanha tentou embarcar 40 migrantes em um avião para rapidamente serem recebidos no país, mas apenas 12 desses refugiados aceitaram essa ajuda. 

Ainda de acordo com o jornal “Diário de Notícias”, o embaixador de Portugal na Grécia, Rui Tereno, fez questão de se deslocar ao campo de refugiados da ilha de Kos, onde esteve tentando convencê-los, explicando o porquê de Portugal ser uma boa opção para os refugiados e o que é que  podem encontrar nesse país para seu futuro e também de suas famílias.

A verdade é que dos cerca de 5 mil refugiados que podiam viajar para Portugal, apenas 50 vão chegar a Portugal até ao Natal, o que, como afirma o dirigente do SEF, é “já muito bom”, dada as circunstâncias.

O diretor do Serviço Jesuíta aos Refugiados, André Costa Jorge não nega que haja uma certa dificuldade em convencer os refugiados a irem para Portugal, mas acredita que também seja pela burocratização do sistema, pois são várias etapas até que se chegue à conclusão de para qual país cada imigrante deve ir e defende que o contato pelas autoridades portuguesas deveria ser, a exemplo da Inglaterra, diretamente com os centros de triagem de refugiados, por meio de acordos bilaterais com a Itália e a Grécia.