Existem formações na natureza ou obras da criação humana que muitas vezes acabam se constituindo no próprio cartão de visitas de uma localidade, ou mesmo país, e essa condição não é diferente, por exemplo, com a República Helênica ou, como é mais conhecida, a Grécia. No pequeno país dos Bálcãs há a presença de incontáveis igrejas, capelinhas e santuários, os quais foram construídos em todo o lugar que alguém pode imaginar, desde as tradicionais praças das cidades grandes e pequenas, no meio das planícies, no cume das regiões montanhosas, dentro de cavernas, configurando assim, a onipresença da Igreja Ortodoxa Grega em todo o país.

De acordo com estatísticas oficiais, liberadas pelo conhecido programa de “Igreja da Grécia”, existem naquela nação 9.792 igrejas, mosteiros e paróquias; entretanto, os locais onde são realizadas cerimônias religiosas ortodoxas ultrapassam esse total, uma vez que neles não estão incluídos vários outros santuários de adoração, igrejas, templos específicos para funerais e as capelas que são privadas, ou que estão em propriedades particulares. Um exemplo clássico é a igreja-mausoléu de Aristóteles Onássis na ilha grega de Skorpios.

A quase totalidade dos locais de adoração ortodoxos é orientado à Virgem Maria, Ágios Dimitrios (ágios significa Santo, no caso é São Demétrios, padroeiro da 2ª maior cidade da Grécia que é Thessaloniki), aos apóstolos Constantino e Eleni e à Santíssima Trindade.

Mas os templos não se fazem presentes somente na região continental, pois nas ilhas a maioria das igrejas e capelas privadas é dedicada a Agios Nikolaos, padroeiro dos marinheiros, equivalendo na cultura ocidental a um personagem bastante conhecido por todos, que é o Papai Noel.

Conforme relatório emitido pela “Secretaria Geral de Assuntos Religiosos”, ocorrem na Grécia 9.146 igrejas paroquiais e 646 mosteiros, ficando sob a jurisdição desmembrada de 82 dioceses da Igreja da Grécia, de 9 dioceses da Igreja de Creta, de 5 dioceses das províncias eclesiásticas do Dodecaneso (“dódeka” em grego é o numeral doze ou um conjunto de 12 ilhas principais dispostas no Mediterrâneo) e o Patriarcado na ilha de Patmos, local da prisão e escrita do livro bíblico de Apocalipse pelo apóstolo João.

A maior parte das paróquias gregas está ligada à metrópole das montanhas em Ioannina, ou 249 delas; 245 pertencem a Fthiotida; 233 subordinam-se a Thessaliotis Fanariofersala; 224 estão ligadas a Messinia e, por fim, 215 igrejas estão sob os cuidados de Etólia e Acarnânia.

O mesmo relatório enumera as igrejas cristãs muito bem preservadas desde o período bizantino (330-1453), as quais muitas delas foram edificadas sobre templos pagãos de outrora, objetivando purificar tais lugares das demais divindades não cristãs.

Não pode passar despercebido o período compreendido entre 1453-1830, período de tempo em que se sobressaem as igrejas na ilha de Creta (antes da ocupação dos otomanos) e as capelas das Ilhas Jônicas, que jamais foram conquistadas pelos otomanos.

Resumindo, há 350 locais de culto cristãos, que são protegidos pelo governo como monumentos culturais, muitos deles em Atenas, a capital do país; no entanto, como citado no início do artigo, foram construídas milhares de capelas em desfiladeiros, cavernas ou outros lugares inacessíveis, muitos dos quais estão nas ilhas. Por exemplo, estima-se que a ilha de Tinos tenha mais de 1.000 pequeninas igrejas. Mediante o exposto, a Grécia é de fato, o quintal dos deuses na terra!