Na última semana, o ciclone Idai causou destruição no sul da África. Inicialmente, ele atingiu a cidade de Beira, em Moçambique, e depois seguiu para regiões mais internas do continente, como Zimbábue e Malaui.
A devastação causada pelo fenômeno natural foi imensa: com seus ventos de 170 km/h, até o último sábado, 23 de março, o Idai havia vitimado mais de 750 pessoas devido às inundações decorridas de sua passagem. Somente no Moçambique, outro país atingido pelo ciclone, o número de mortos subiu para 446. No Zimbábue, o número de vítimas está próximo de 259.
No Malaui, estima-se um total de 56 mortos, de acordo com Celso Correia, ministro de Terras e Meio Ambiente do local.
Correia discute ainda que embora seja vista alguma melhora na situação dos locais atingidos pelo Idai, a situação ainda pode ser classificada como crítica. Além disso, nos três países indicados, os sobreviventes estão adentrando os escombros das propriedades atingidas para procurar por vítimas, assim como para procurar abrigo, comida e água. Os governos de alguns países buscam ajudar a amenizar a situação no presente momento.
De acordo com Mimi Manuel, sobrevivente do ciclone que perdeu a casa durante a passagem do Idai e se encontra alojada em uma espécie de abrigo improvisado em uma escola de Beira, toda a comida que possuía na ocasião se encontra molhada, de modo que ela e seus quatro filhos estão sem nada.
Sem perspectivas de ter para onde ir, a mulher está no abrigo com outros sobreviventes.
Gritos foram ouvidos no início da passagem do ciclone
Dina Fiegado, uma jovem de 18 anos, relatou que ouviu gritos no local em que estava, em Praia Nova, tão logo começou a passagem do Idai. Também foi descrito por Fiegado que, segundo os habitantes do local, pedaços de madeira estouraram e paredes começaram a desmoronar na região, vitimando cerca de 50 pessoas.
A jovem ainda relatou que algumas pessoas tentaram permanecer em suas casas enquanto outras tentavam escapar para sobreviver.
No entanto, os horrores vivenciados na região ainda não estão completamente encerrados. Mesmo que o pior pareça já ter passado, o escritório humanitário da ONU alertou há alguns dias para a possibilidade de novas inundações quando fortes chuvas inundam o interior da área da Beira e barragens próximas, que ameaçam explodir de novo os rios Buzi e Pungoé.
Sebastian Rhodes Stampa, coordenador do Escritório para Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA), declarou que será necessário esperar pelo retrocesso das águas para que se saiba a extensão total dos estragos sobre o povo de Moçambique.