O mundo das notícias é complexo, e histórias e imagens falsas costumam ser amplamente compartilhadas nas redes sociais. A equipe editorial da Blasting News identifica as informações enganosas e as fraudes mais populares toda semana para ajudá-lo a entender o que é verdade e o que é mentira. Aqui estão alguns dos boatos falsos mais compartilhados da semana.

Mundo

Jogador americano não mostrou camiseta com a mensagem “se chama soccer” durante a Copa do Mundo do Qatar

Alegação falsa: Usuários das redes sociais ao redor do mundo compartilharam uma foto do jogador Christian Pulisic, da seleção americana de futebol, na qual ele aparece levantando a camisa e supostamente mostrando a mensagem: “It’s called soccer (Se chama soccer, em tradução livre)”.

Segundo as postagens, a imagem teria sido tirada durante a Copa do Mundo do Catar.

Verdade:

  • Uma busca reversa na internet mostra que a foto de Pulisic foi publicada originalmente no perfil oficial da seleção americana de futebol no Twitter em 13 de novembro de 2021.
  • Na imagem original é possível ver que a mensagem na camiseta de Pulisic é outra: “The man in the mirror (O homem no espelho, em tradução livre)”.
  • A imagem falsa, por sua vez, poderia ser interpretada como uma espécie de provocação por parte do jogador americano, já que ao contrário da grande maioria dos países do mundo, que chamam o esporte regido pela Fifa de futebol, os EUA o chamam de soccer –enquanto futebol par eles indica especificamente futebol americano.

EUA/Canadá

Órgão médico de Ontário não sugeriu que pessoas não vacinadas são “mentalmente doentes”

Alegação falsa: Usuários do TikTok nos Estados Unidos e Canadá compartilharam um vídeo que afirma que o Colégio de Médicos e Cirurgiões de Ontário, órgão que regulamenta a prática da medicina na província canadense, está “sugerindo a seus médicos que as pessoas ‘não vacinadas’ são mentalmente doentes e precisam de medicação psiquiátrica”.

O vídeo inclui imagens de uma entrevista do médico de Alberta William Makis ao talk-show da ativista canadense de extrema-direita Laura-Lynn Tyler Thompson.

Verdade:

  • Uma busca reversa na internet mostra que durante a entrevista, publicada no último dia 18 de novembro na plataforma de vídeos Rumble, Makis afirma que o Colégio de Médicos e Cirurgiões de Ontário enviou uma “carta ou memorando” a seus afiliados “sugerindo” a eles que “qualquer de seus pacientes não vacinados, eles deveriam considerar que têm um problema mental e que deveriam ser colocados sob medicação psiquiátrica”.
  • Em nota à agência Reuters, Shae Greenfield, porta-voz do Colégio de Médicos e Cirurgiões de Ontário, disse que Makis não é um membro afiliado e deturpou em sua fala uma orientação publicada na página de perguntas freqüentes da organização sobre o tratamento de pacientes que buscam isenções médicas da vacina da Covid-19.
  • A orientação inclui situações médicas legítimas para as quais os médicos podem indicar a isenção, como reações alérgicas a vacinas ou um episódio diagnosticado de miocardite ou pericardite após uma vacina de mRNA.
  • Em nenhum momento o texto afirma, ou dá a entender, que todos os pacientes que não querem tomar a vacina são mentalmente doentes. Ele apenas sugere que em casos como tripanofobia (um medo intenso de agulhas), os médicos podem ajudar os pacientes prescrevendo medicamentos ou psicoterapia.

Europa

Ex-presidente da Rússia não tuitou mensagem oferecendo à Polônia “os melhores sistemas de defesa aérea”

Alegação falsa: Usuários das redes sociais em países da Europa compartilharam uma reprodução de tela de um suposto tuíte publicado pela conta oficial do ex-presidente russo Dmitry Medvedev no qual ele afirma que “a Rússia está pronta para fornecer à Polônia os melhores sistemas de defesa aérea para evitar novas agressões por parte da Ucrânia”.

Verdade:

  • Uma pesquisa nas contas em inglês e russo de Medvedev no Twitter, incluíndo as mensagens apagadas ou arquivadas, mostra que não houve nenhuma publicação oferecendo equipamento de defesa à Polônia.
  • A mensagem falsa de Medvedev passou a circular nas redes sociais no último dia 17 de novembro, dois dias após um míssil atingir o vilarejo polonês de Przewodów, a menos de 10 km da fronteira com a Ucrânia.
  • O governo da Polônia e a OTAN alegam que as evidencias indicam que a explosão foi causada por um míssil de defesa aérea ucraniano. Kiev, no entanto, nega esta versão e afirma que o míssil foi disparado pela Rússia.

América Latina

Canadá não aprovou lei que permite a “eutanásia de crianças deprimidas”

Alegação falsa: Usuários das redes sociais em países da América Latina compartilharam a alegação de que o Canadá teria aprovado “a eutanásia de crianças deprimidas” sem o consentimento dos pais.

As publicações são acompanhadas de uma captura de tela na qual aparecem o apresentador Tucker Carlson, da emissora americana Fox News, e uma montagem do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, ao lado da mão de uma criança e a frase "Façam a eutanásia neles!”.

Verdade:

  • Uma busca reversa na internet mostra que a reprodução de tela foi feita a partir da edição do último dia 26 de outubro do programa “Tucker Carlson Tonight”, da Fox News.
  • Na gravação, Tucker Carlson afirma que “até março, uma nova lei permitirá aos médicos matar crianças sem a permissão de seus pais (...) porque eles estão deprimidas”.
  • Após uma decisão da Suprema Corte do Canadá em 2015, o Código Penal do país foi emendado em junho de 2016 para legalizar a morte assistida a adultos com doenças terminais. Em março de 2021, uma nova lei chamada C-7 ampliou a eligibilidade para doenças como Parkinson e esclerose múltipla.
  • A legislação canadense atual, no entanto, estabelece que para ser elegível para eutanásia o paciente deve, entre outras exigências, ser maior de 18 anos e “ter uma condição médica grave e irreversível”.
  • Em nota à agência AFP, a assessora de imprensa do Departamento de Saúde do Canadá, Natalie Mohamed, disse que “não há nenhuma trecho da lei que permita que menores de idade recebam assistência médica para morrer, com ou sem o consentimento dos pais".

Ásia

Ex-jogador da Costa do Marfim e do Chelsea, Didier Drogba não se converteu ao Islã

Alegação falsa: Usuários das redes sociais em países de maioria muçulmana no sudeste asiático, como Bangladesh, compartilharam a alegação de que o ex-jogador da seleção da Costa do Marfim e do Chelsea Didier Drogba teria se convertido ao islamismo.

As publicações são acompanhadas de uma foto que supostamente mostraria Drogba rezando.

Verdade:

  • Em uma publicação no último dia 7 de novembro em sua conta oficial no Twitter, Drogba afirmou: “Esta história está se tornando viral, mas eu não mudei de religião”.
  • Com relação à foto compartilhada nas redes sociais, o ex-jogador, que é católico, explicou: "Este era apenas eu respeitando meus irmãos muçulmanos que eu estava visitando em minha aldeia. Um momento de união. Muito amor e bênçãos para todos".