O mundo das notícias é complexo, e histórias e imagens falsas costumam ser amplamente compartilhadas nas redes sociais. A equipe editorial da Blasting News identifica as informações enganosas e as fraudes mais populares toda semana para ajudá-lo a entender o que é verdade e o que é mentira. Aqui estão alguns dos boatos falsos mais compartilhados da semana.

EUA

Mudança climática não é impulsionada pela atividade solar e fases lunares

Alegação falsa: Usuários das redes sociais nos EUA compartilharam um vídeo no qual o astrofísico inglês Piers Corbyn, famoso por sua posição negacionista das mudanças climáticas, afirma que as elevações das temperaturas na Terra “são ditadas pela atividade solar e pela lua”.

“Elas não têm nada a ver com a humanidade”, diz Corby, segundo o qual quem defende que a atividade humana contribui para a mudança climática de “apenas tentar ganhar dinheiro”.

Verdade:

  • A gravação copartilhada nas redes sociais é um trecho de uma entrevista dada por Corbyn em agosto de 2010 à emissora Russia Today, financiada pelo governo de Moscou e classificada pelo Departamento de Estado dos EUA como um elemento crítico “no ecossistema de desinformação e propaganda da Rússia”.
  • Segundo informações da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos Estados Unidos, “ao aumentar a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, as atividades humanas estão amplificando o efeito estufa natural da Terra”.
  • “Praticamente todos os cientistas climáticos concordam que este aumento dos gases causadores do efeito estufa é a principal razão do aumento de 1,8°F (1,0°C) na temperatura média global desde o final do século 19”, afirma o órgão.
  • Mais de 200 organizações científicas ao redor do mundo concordam que a ação humana é a principal responsável pelo aquecimento global, opinião corroborada pelo relatório mais recente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, elaborado por mais de 700 cientistas de 90 países diferentes.
  • Recentemente, Piers Corbyn compartilhou uma série de teorias da conspiração sobre a pandemia do coronavírus, criticando medidas públicas de saúde e chegando a comparar a campanha de vacinação contra a Covid-19 no Reino Unido com o Holocausto.

Europa

Altos funcionários ucranianos não usaram fundos americanos para comprar imóveis de luxo na Suíça

Alegação falsa: Usuários das redes sociais na Europa compartilharam a afirmação de que altos funcionários ucranianos compraram imóveis de luxo na Suíça utilizando parte dos fundos enviados pelos EUA para ajudar o governo de Kiev na guerra contra a Rússia.

Verdade:

  • Uma busca reversa na internet mostra que a alegação foi publicada originalmente em 8 de junho de 2022 pelo site Newspunch, conhecido por espalhar desinformação sobre vários assuntos.
  • O artigo publicado pelo Newspunch apresenta como fonte da informação supostos documentos suíços que provariam a aquisição de propriedades de luxo em Gstaad por pessoas alegadamente próximas ao presidente ucraniano, Volodimir Zelensky.
  • Em declarações ao site Politifact, Adrian Mühlematter, funcionário do Cartório de Registro de Imóveis de Oberland, responsável pelos registros de propriedades em Gstaad, informou que os documentos apresentados no artigo do site Newspunch eram falsos, apresentando diversas incongruências, como números de identificação com dígitos insuficientes.

Mundo

Elon Musk não anunciou planos para comprar o Snapchat

Alegação falsa: Usuários das redes sociais ao redor do mundo compartilharam uma reprodução de tela de um suposto tuíte do bilionário Elon Musk no qual ele afirma: “Em seguida vou comprar o Snapchat e apagar todos os filtros.

Bem-vindas de volta à realidade, senhoras”.

Verdade:

  • Uma pesquisa na conta verificada de Elon Musk no Twitter, incluindo as mensagens apagadas ou arquivadas, mostra que ele não fez nenhuma publicação anunciando a intenção de comprar o Snapchat. Sua postagem mais recente citando esta rede social ocorreu no último dia 22 de maio, quando ele comentou sobre o preço de suas ações.
  • Há ainda ao menos duas indicações de que a captura de tela foi manipulada digitalmente. A primeira delas é o fato de que a hora e data na publicação não estão alinhadas com o texto da mensagem, o que é padrão na plataforma. O segundo ponto é que o post viral insere a data como “NOV 20”, quando o padrão da plataforma não é apenas a primeira letra do mês em maiúscula.

América Latina

Messi não pisou em camisa do México após vitória da Argentina na Copa do Mundo

Alegação falsa: Usuários das redes sociais na América Latina compartilharam uma imagem do jogador argentino Lionel Messi junto da alegação de que ela mostraria o atleta pisando em uma camisa da seleção do México.

Verdade:

  • A imagem que circula nas redes sociais é uma captura de tela de um vídeo que mostra a comemoração dos jogadores argentinos no vestiário após a vitória por 2 a 0 sobre a seleção do México na segunda rodada do grupo C da Copa do Mundo do Catar.
  • No vídeo, atribuído ao jogador argentino Nicolás Otamendi e disponível na íntegra no YouTube, é possível constatar que Messi não pisa na camisa do México, mas apenas toca nela com o pé direito ao tentar tirar a chuteira.
  • Em uma cena posterior, já sem as chuteiras, o jogador argentino é visto pulando, mas evitando pisar na camisa da seleção mexicana.

Brasil

Medicamento da Pfizer contra Covid-19 não tem mesmo mecanismo de ação da ivermectina

Alegação falsa: Usuários das redes sociais no Brasil compartilharam a afirmação de que o medicamento contra Covid-19 Paxlovid, desenvolvido pela Pfizer, tem o mesmo mecanismo de ação da ivermectina.

“Adorei saber que o novo medicamento da Pfizer para tratamento precoce da Covid tem o mesmíssimo mecanismo de ação da ivermectina (inibidor da protease 3CL). Diferenças: Ivermectina, 5 reais; Paxlovid, 530 dólares. Malandro é a Pfizer, e mané é o povo”, diz a legenda de algumas das publicações.

Verdade:

  • Em primeiro lugar, ao contrário do que afirmam as publicações nas redes sociais, os dois medicamentos, segundo os próprios fabricantes, não têm o mesmo mecanismo de ação. O Paxlovid, que teve sua comercialização no Brasil aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no último dia 21 de novembro, é um antiviral, enquanto a ivermectina é um antiparasitário.
  • Em nota à agência Fato ou Fake, a Pfizer afirma que o Paxlovid “consiste na combinação de duas moléculas (nirmatrelvir + ritonavir), e pertence à classe dos inibidores de protease, exercendo sua ação mediante a inibição de uma enzima (protease) que o SARS-CoV-2 utiliza para se replicar – o 3CL”.
  • A ivermectina, ao contrário do que afirmam as publicações, não tem qualquer efeito inibidor sobre o 3CL, atuando apenas na paralisação da musculatura de vermes e parasitas, ocasionando suas mortes e eliminação.
  • Em fevereiro de 2021, a farmacêutica Merck, responsável pela fabricação da ivermectina, informou não haver dados disponíveis que sustentem a eficácia do medicamento no combate à Covid-19. Em 31 de março do mesmo ano, a OMS (Organização Mundial de Saúde) recomendou que a ivermectina não fosse usada para tratar pacientes com Covid-19.