Apesar de a Covid-19 ter sido inicialmente considerada uma doença respiratória, muitos pacientes também têm relatado sintomas neurológicos tardios após a infecção. Alguns desses sintomas incluem fadiga, dores de cabeça, perda de olfato ou paladar, dificuldade de concentração e problemas de memória. No entanto, até agora, ainda não havia sido realizado um estudo de larga escala para avaliar o risco de danos cerebrais a longo prazo em pacientes que tiveram Covid-19.

O novo estudo, realizado pela Universidade de Washington e publicado pela revista Nature Medicine, buscou preencher essa lacuna examinando mais de 150 mil casos de Covid-19 e comparando a evolução de pacientes infectados com a de indivíduos não infectados durante um período de acompanhamento prolongado.

Covid-19 eleva risco de distúrbios neurológicos

Os cientistas descobriram que os pacientes infectados pelo coronavírus têm um risco significativamente maior de desenvolver uma ampla variedade de distúrbios neurológicos, incluindo problemas de cognição e memória, acidente vascular cerebral, transtornos de movimento, perdas sensoriais, crises de enxaqueca, convulsões e até doenças como Alzheimer e Parkinson.

O risco de desenvolver esses transtornos neurológicos foi observado em pacientes de todas as idades, mas alguns tipos de distúrbios foram mais comuns em pacientes mais jovens ou mais velhos. Por exemplo, os problemas cognitivos e sensoriais foram mais comuns em pacientes mais jovens, enquanto transtornos mentais como ansiedade e depressão, bem como alterações de movimento, ocorreram com maior frequência em pacientes mais velhos.

Os pesquisadores ainda não sabem exatamente por que a Covid-19 pode levar a danos cerebrais a longo prazo, mas há várias hipóteses. O vírus pode causar uma cascata inflamatória que afeta a comunicação entre os neurônios, também conhecidos como sinapses. Também é possível que os fragmentos de RNA do vírus estimulem uma resposta imunológica do organismo que leva a danos cerebrais.