O mundo das notícias é complexo, e histórias e imagens falsas costumam ser amplamente compartilhadas nas redes sociais. A equipe editorial da Blasting News identifica as informações enganosas e as fraudes mais populares toda semana para ajudá-lo a entender o que é verdade e o que é mentira. Aqui estão alguns dos boatos falsos mais compartilhados da semana.

Mundo

Submersível Titan não foi encontrado sem nenhum passageiro a bordo

Alegação falsa: Usuários das redes sociais ao redor do mundo compartilharam uma reprodução de tela de um suposto artigo publicado pela emissora americana CNN com a informação de que o submersível Titan, que desapareceu no último domingo durante uma expedição aos destroços do navio Titanic, teria sido encontrado pelas equipes de resgate sem nenhum de seus cinco passageiros a bordo.

Verdade:

  • Em nota à agência AFP, Emily Kuhn, vice-presidente de comunicações da CNN, informou que a imagem que circula nas redes é manipulada e que a emissora não publicou aquela informação. Uma busca no site da CNN e em suas contas nas redes sociais não encontra nenhum artigo com a informação que viralizou na web.
  • Na tarde desta quinta-feira, a Guarda Costeira dos Estados Unidos informou ter encontrado destroços do submersível Titan a 1.600 pés da proa do Titanic. “Os destroços são consistentes com uma implosão catastrófica da embarcação”, afirmou à imprensa John Mauger, contra-almirante da Guarda Costeira dos EUA.
  • Pouco depois, a empresa OcenGate Expeditions, operadora do submersível Titan, publicou uma nota oficial com a seguinte mensagem: “Acreditamos agora que nosso CEO Stockton Rush, Shahzada Dawood e seu filho Suleman Dawood, Hamish Harding e Paul-Henri Nargeolet, infelizmente morreram”.

Mundo

Foto de Biden usando fralda em evento da Força Aérea americana é adulterada

Alegação falsa: Usuários das redes sociais ao redor do mundo compartilharam uma foto na qual o presidente dos EUA, Joe Biden, aparece caído no chão e aparentemente usando uma fralda, sendo ajudado por três pessoas a se levantar.

Verdade:

  • Uma busca reversa na internet mostra que a imagem foi registrada pelo fotógrafo Brendan Smialowski e publicada em um artigo da agência AFP do último dia 2 de junho. Na imagem original é possível ver que Biden não está sando uma fralda.
  • Segundo o texto do artigo, a imagem mostra Biden sendo ajudado a se levantar após tropeçar e cair no último dia 1º de junho durante uma cerimônia de formatura na Academia da Força Aérea dos EUA, no Colorado.
  • Imagens de vídeo do evento publicadas por outros veículos, como a ABC News, confirmam que Biden não estava usando fralda quando caiu.
  • Aos 80 anos, Biden é o presidente em exercício mais velho da história dos Estados Unidos, sendo alvo constante de questionamentos, principalmente de opositores, sobre sua saúde física e mental, em especial após anunciar sua campanha de reeleição para a presidência em 2024.

EUA

Pfizer não pagou ao âncora da CNN Anderson Cooper para promover vacinas de mRNA da Covid

Alegação falsa: Usuários das redes sociais nos Estados Unidos compartilharam a alegação de que a farmacêutica Pfizer teria pago US$ 12 milhões ao âncora da CNN Anderson Cooper como parte de um acordo para promover para o público americano sua vacina de mRNA da Covid-19.

Algumas das publicações creditam a informação ao ativista antivacina e candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos Robert F. Kennedy Jr.

Verdade:

  • Em entrevista publicada em 2 de outubro de 2022 no canal do YouTube London Real, Kennedy afirmou: “75% das receitas de publicidade da mídia convencional agora vêm da indústria farmacêutica, e essa proporção é ainda maior no noticiário noturno. Anderson Cooper tem um salário anual de US$ 12 milhões. Bem, US$ 10 milhões desse valor vêm da Pfizer. Seu chefe não é a CNN. Seu chefe é a Pfizer”. O político, no entanto, não apresentou nenhuma fonte durante a entrevista para embasar suas alegações.
  • Questionado pela agência AP, o escritório de campanha de Kennedy afirmou que a declaração do político foi apenas “um comentário retórico, baseado na enorme proporção da receita de publicidade na televisão que vem das empresas farmacêuticas”.
  • Em declarações ao site de checagem de fatos Politifact, Bridget Leininger, diretora sênior de comunicações da CNN, disse que a alegação que circula nas redes “é completamente falsa e fabricada”.

Europa

Revista alemã não publicou que chefe de inteligência ucraniana está em coma em Berlim

Alegação falsa: Usuários das redes sociais em países da Europa compartilharam a alegação de que a revista alemã Stern teria publicado que o chefe da inteligência militar da Ucrânia, Kyrylo Budanov, está em coma e hospitalizado em Berlim após ser vítima de um ataque das forças militares russas.

Verdade:

  • Após o boato viralizar, a revista Stern afirmou no último dia 17 de junho, em uma nota de esclarecimento publicada em seu site, que a informação que circula nas redes é falsa e que teria sido inventada por propagandistas russos.
  • Meios de comunicação russo ligados ao governo do Kremlin, como Sputnik e Ria Novosti, também publicaram que Budanov teria sido ferido gravemente em um ataque realizado no último dia 29 de maio contra a sede da Diretoria Principal de Inteligência do Ministério da Defesa da Ucrânia, em Kiev. Segundo ambos os veículos, Budanov teria sido levado para um hospital em Berlim.
  • Na última terça-feira (20), Budanov deu uma entrevista ao vivo ao canal de televisão ucraniano TCH. No mesmo dia, o site da Diretoria Principal de Inteligência do Ministério da Defesa da Ucrânia publicou uma foto de Budin durante encontro com o embaixador do Japão no país, Matsuda Kuninori, acompanhada da afirmação de que o militar está “saudável” e “goza de boa saúde”.

América Latina

Israel não aprovou lei que proíbe falar sobre Jesus

Alegação falsa: Usuários das redes sociais em países da América Latina compartilharam a alegação de que o governo de Israel teria aprovado recentemente uma lei que torna ilegal no país falar sobre Jesus Cristo, com penas de um a dois anos de prisão.

Verdade:

  • A falsa alegação parece ter surgido a partir da interpretação de um projeto de lei proposto no início deste ano pelos membros do Knesset –o parlamento israelense– Moshe Gafni e Yaakov Asher, do partido ultraortodoxo União pela Torá e o Judaísmo (UTJ), mas ainda não aprovado.
  • A proposta dos parlamentares, cuja íntegra está disponível no site do Knesset, prevê punições de um a dois anos de prisão ao ato de proselitismo religioso, ou seja, a tentativa de converter indivíduos ou grupos a uma determinada crença ou doutrina. O texto, no entanto, fala especificamente de “grupos missionários, principalmente cristãos”.
  • No último dia 22 de março, em meio a uma intensa discussão no país sobre os possíveis efeitos do projeto de lei, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, publicou em sua conta oficial no Twitter a seguinte mensagem: “Não avançaremos com nenhuma lei contra a comunidade cristã”.

África

Vídeo não mostra líder rebelde dizendo estar sendo armado pelo governo da Etiópia

Alegação falsa: Usuários das redes sociais na Etiópia compartilharam um vídeo de pouco mais de um minuto no qual o líder do Exército de Libertação Oromo (OLA), Jaal-Marroo Dirribaa, aparece supostamente afirmando que o governo etíope estaria fornecendo armas e munições ao grupo rebelde.

Verdade:

  • Uma busca reversa na internet mostra que a gravação compartilhada nas redes sociais faz parte de um vídeo de quase uma hora de duração publicado originalmente no YouTube no último dia 31 de maio.
  • Na gravação original é possível ver que, após afirmar que o governo etíope teria “dado” armas e munições ao OLA, Marroo esclarece que os rebeldes pegaram estes equipamentos ao derrotar os soldados etíopes em confronto.
  • O OLA surgiu em 2018, como uma dissidência da Frente de Libertação Oromo (OLF), que anunciou na ocasião sua renúncia à luta armada. A região de Oromia, sede do grupo rebelde, e berço da comunidade Oromo, o maior grupo étnico do país, que alega ser oprimida e marginalizada pelo governo central etíope.
  • No início do último mês de maio, uma primeira rodada de conversações entre o governo da Etiópia e o OLA, realizada em Zanzibar, na Tanzânia, terminou sem chegar a um acordo de paz. Apesar do fracasso, ambas as partes expressaram disposição de prosseguir com o diálogo. Semanas depois, no entanto, membros do OLA acusaram o governo etíope de lançar uma grande ofensiva militar contra os rebeldes.