O mundo das notícias é complexo, e histórias e imagens falsas costumam ser amplamente compartilhadas nas redes sociais. A equipe editorial da Blasting News identifica as informações enganosas e as fraudes mais populares toda semana para ajudá-lo a entender o que é verdade e o que é mentira. Aqui estão alguns dos boatos falsos mais compartilhados da semana.

Mundo

Vídeos não mostram militares russos lutando com rebeldes do grupo Wagner

Alegação falsa: Usuários das redes sociais ao redor do mundo compartilharam vídeos de supostos combates ocorridos no último fim de semana entre mercenários do grupo Wagner e militares das Forças Armadas russas. Entre as imagens estão um suposto enfrentamento ocorrido na cidade de Rostov e outro envolvendo um caça da Força Aérea russa.

Verdade:

  • Uma busca reversa na internet indica que o primeiro vídeo, que supostamente mostra enfrentamentos entre forças russas e o grupo Wagner na cidade de Rostov-on-Don, foi publicado originalmente em agosto de 2017 em inúmeros artigos de imprensa sobre um confronto armado entre o Exército mexicano e integrantes do Cartel do Golfo em Tamaulipas, perto da fronteira com os EUA.
  • Com relação ao vídeo que, segundo as publicações, supostamente mostra a “Força Aérea Russa enfrentando tropas terrestres do Wagner na rodovia M4", que liga Moscou a Rostov-on-Don, uma busca reversa na internet mostra que as imagens, na verdade, foram publicadas no YouTube, em um canal chamado Battle POPs, no último dia 31 de março. Segundo a descrição do vídeo, as imagens foram geradas a partir do jogo “Arma 3”, da desenvolvedora Bohemia Interactive.
  • Na noite do último dia 23, Yevgeny Prigozhin, líder do grupo Wagner, um exército privado de mercenários contratado pela Rússia para atuar em diversas regiões do mundo, em especial atualmente no leste da Ucrânia, iniciou um motim contra a cúpula militar russa, acusando-a de ter falhado na Guerra na Ucrânia, assumindo ao longo do sábado o controle da cidade estratégica de Rostov-on-Don e avançando com um comboio armado até 200 quilômetros de Moscou.
  • Ainda no sábado, após negociação com Moscou, Prigozhin ordenou que seus homens voltassem às bases para “evitar um derramamento de sangue”. Segundo informações oficiais, Prigozhin, que insistiu posteriormente que o motim não se tratava de uma tentativa de “derrubar o governo” de Putin, se encontra exilado em Belarus.

Coreia do Sul

Foto não mostra líderes chineses em reunião de emergência para discutir motim na Rússia

Alegação falsa: Usuários das redes sociais na Coreia do Sul compartilharam uma foto do presidente chinês, Xi Jinping, ao lado de outros líderes do país, junto da alegação de que a imagem mostraria uma "reunião de emergência" para discutir o recente motim do grupo Wagner na Rússia.

Verdade:

  • Uma busca reversa na internet mostra que a imagem foi registrada em Pequim, em 30 de setembro de 2021, pelo fotógrafo da agência AFP Greg Baker.
  • A legenda da foto, disponível nos arquivos da AFP, diz: “O presidente chinês Xi Jinping (à direita) chega com o primeiro-ministro Li Keqiang (à esquerda) e membros do Comitê Permanente do Politburo para uma recepção no Grande Salão do Povo em Pequim, na véspera do Dia Nacional da China, em 30 de setembro de 2021”.
  • Na tarde do último domingo, mais de 24 horas após o início do motim do grupo Wagner, o Ministério das Relações Exteriores chinês emitiu um comunicado afirmando apoiar a Rússia “na proteção da estabilidade nacional e na conquista do desenvolvimento e da prosperidade”, acrescentando que o episódio com o grupo Wagner era “assunto interno” russo.

Mundo

Vítima do submersível Titan, Shahzada Dawood não era vice-presidente do Fórum Econômico Mundial

Alegação falsa: Após a Guarda Costeira americana anunciar no último dia 22 a “implosão catastrófica” do submersível Titan, que levava turistas para ver os destroços do navio Titanic, usuários das redes sociais ao redor do mundo passaram a compartilhar a alegação de que o empresário paquistanês Shahzada Dawood, uma das cinco vítimas da tragédia, seria o vice-presidente do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês).

Algumas das publicações apontam como prova da alegação um perfil de Shahzada Dawood publicado no site do Fórum Econômico Mundial.

Verdade:

  • Ao contrário do que alegam as publicações nas redes sociais, o perfil de Shahzada Dawood publicado no site do Fórum Econômico Mundial não indica que ele seja vice-presidente da organização, mas sim que ele ocupa o cargo de vice-presidente da empresa Dawood Hercules e de sua subsidiária Engro Corporation.
  • Uma busca na página do Fórum Econômico Mundial que reúne todas as lideranças da organização não mostra a presença de Shahzada Dawood. Peter Brabeck-Letmathe é apontado na página como vice-presidente do Conselho de Curadores do Fórum Econômico Mundial.
  • Em nota às agências AP e Reuters, Yann Zopf, porta-voz do Fórum Econômico Mundial, afirmou que Shahzada Dawood não é vice-presidente ou um funcionário da organização.
  • Além de Shahzada Dawood, morreram na tragédia o filho do empresário, Suleman, de 19 anos, o ex-comandante da Marinha francesa e especialista do naufrágio do Titanic Paul-Henry Nargeolet, o bilionário britânico Hamish Harding e o piloto do submersível e fundador da OceanGate Expeditions, dona do Titan, Stockton Rush.

EUA/América Latina

Vídeo não mostra Biden admitindo ter vendido segredos de Estado

Alegação falsa: Usuários das redes sociais nos Estados Unidos e em países da América Latina compartilharam um vídeo no qual o presidente americano, Joe Biden, parece admitir durante um encontro com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, ter vendido segredos de Estado.

Verdade:

  • Uma busca reversa na internet mostra que o vídeo compartilhado nas redes sociais foi registrado no último dia 23 de junho, ao final de uma visita de estado de quatro dias de Modi aos EUA.
  • Além de Modi e Biden, compareceram ao evento, realizado na Casa Branca, executivos de grandes empresas americanas de tecnologia, como Apple, Microsoft e Google.
  • A íntegra do vídeo, disponível na página da Casa Branca no YouTube, e a transcrição oficial do encontro, disponível no site da Casa Branca, mostram claramente que Biden estava brincando ao falar sobre ter vendido segredos de Estado.
  • “Tudo bem. Nós - eu estava apenas agradecendo - de qualquer forma, comecei sem você e vendi muitos segredos de Estado e muitas coisas muito importantes que compartilhamos. (Risos). Agora, brincadeiras à parte - veja, estamos nos unindo para projetar e desenvolver novas tecnologias que transformarão a vida de nosso pessoal em todo o mundo”, disse o presidente americano.

África

Malas de dinheiro não foram apreendidas com equipe de segurança da Presidência sul-africana

Alegação falsa: Após o avião que transportava a equipe de segurança que acompanhava o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, em uma missão de paz à Ucrânia ficar retido no último dia 15 em um aeroporto na Polônia, usuários das redes sociais compartilharam uma imagem de duas malas cheias de dinheiro, junto da alegação de que elas teriam sido achadas a bordo do avião sul-africano e que este teria sido o motivo das autoridades polonesas reterem o voo.

Verdade:

  • Uma busca reversa na internet mostra que a imagem compartilhada nas redes sociais foi publicada originalmente em setembro de 2021, em artigos da imprensa sobre uma apreensão ocorrida no Aeroporto Internacional de Inagua, nas Bahamas.
  • Segundo as matérias, dois homens foram presos na ocasião após a polícia constatar durante uma inspeção que eles tentavam entrar no país com quatro malas cheias de dinheiro.
  • Com relação à retenção do voo sul-africano, as autoridades polonesas afirmaram na ocasião que algumas pessoas a bordo da aeronave não tinham permissão para portar armas no país e que, portanto, não puderam desembarcar.
  • Em declarações à imprensa, o chefe da equipe de segurança da Presidência sul-africana, general Wally Rhoode, disse que as autoridades polonesas exigiram versões originais das permissões necessárias para portar as armas, e que isso não havia sido requisitado inicialmente.
  • O episódio, no entanto, não afetou o cronograma da viagem de Ramaphosa, que viajavam em outra aeronave e desembarcou conforme o planejado em Kiev, onde se reuniu com o presidente ucraniano Volodimir Zelensky, e depois em São Petersburgo, onde teve um encontro com o líder russo Vladimir Putin.