O mundo das notícias é complexo, e histórias e imagens falsas costumam ser amplamente compartilhadas nas redes sociais. A equipe editorial da Blasting News identifica as informações enganosas e as fraudes mais populares toda semana para ajudá-lo a entender o que é verdade e o que é mentira. Aqui estão alguns dos boatos falsos mais compartilhados da semana.
Mundo
Suécia não declarou oficialmente o sexo como um esporte
Alegação falsa: Usuários das redes sociais ao redor do mundo compartilharam a alegação de que a Suécia teria oficialmente declarado o sexo como um esporte e que o país, inclusive, irá sediar neste mês de junho o primeiro Campeonato Europeu do Sexo. Estas mesmas informações chegaram a ser compartilhadas por uma série de veículos de comunicação ao redor do mundo, em artigos publicados ao longo dos últimos dias.
Verdade:
- Artigo publicado pelo jornal sueco Göteborgs-Posten no último dia 26 de abril informa que o pedido de filiação da Federação Sueca de Sexo, que busca o reconhecimento da prática como esporte no país, foi negado pela Confederação Sueca de Esportes (RF).
- A reportagem afirma ainda que Dragan Bratic, criador da federação, seria conhecido por gerenciar uma série de clubes de strip-tease na cidade sueca de Jönköping.
- Em declarações no último mês de janeiro ao programa “Efter Fem”, do canal de notícias sueco na TV4, quando a federação deu entrada no processo de filiação, Björn Eriksson, presidente da RF, disse: “Só espero que esse absurdo desapareça. Será um não unânime de nossa parte”.
- De acordo com um comunicado de imprensa divulgado pela RF em abril sobre o assunto, a rejeição ocorreu devido a uma inscrição incompleta.
Mundo
Arco do Triunfo não foi decorado com arco-íris gigante para celebrar o Mês do Orgulho LGBTQIA+
Alegação falsa: Usuários das redes sociais ao redor do mundo compartilharam um vídeo que mostra um suposto arco-íris gigante decorando o Arco do Triunfo, em Paris, em ocasião do Mês do Orgulho LGBTQIA+.
Algumas das publicações afirmam que a instalação artística, que circula o monumento e termina sobre a rua com uma escultura em forma de nuvem com a frase "marche des fiertés” (“parada do orgulho" em francês), teria “desfigurado” o famoso ponto turístico da capital francesa.
Verdade:
- Uma busca reversa na internet mostra que o vídeo que viralizou nas redes foi publicado originalmente no Twitter no último dia 1° de junho, pelo artista digital Ian Padgham, acompanhado da seguinte legenda: “Arc-en-ciel de Triomphe, Paris. Happy #PrideMonth everyone!!”.
- Em resposta ao comentário de outro usuário do Twitter questionando se o vídeo havia sido feito utilizando inteligência artificial, Ian respondeu: “Nenhuma IA foi usada. Apenas eu fazendo animação 3D e muitos detalhes editados à mão”.
- Em declarações à agência AP, Ian afirmou que o vídeo é uma mistura imagens registradas por ele e efeitos visuais criados com programas como Adobe After Effects e Cinema 4D.
- "A intenção era ser apenas uma mensagem realmente positiva de apoio como um aliado e alguém que ama a comunidade", disse o artista de 41 anos, nascido na Califórnia e que vive atualmente na França.
EUA
Não há evidências de que cartel mexicano tenha obtido armas dos EUA destinadas à Ucrânia
Alegação falsa: Usuários das redes sociais nos EUA compartilharam um vídeo de um noticiário da televisão mexicana, junto da alegação de que o programa teria informado que sistemas de mísseis antitanque enviados pelos Estados Unidos à Ucrânia acabaram nas mãos de um cartel mexicano.
Verdade:
- Uma busca reversa na internet mostra que o vídeo compartilhado nas redes sociais é um trecho de uma reportagem do programa “Azucena a Las 10”, da emissora mexicana Milenio.
- No último dia 31 de maio, a jornalista Azucena Uresti, apresentadora da atração, publicou o mesmo trecho de vídeo em seu perfil no Twitter. Na gravação, em espanhol, é possível vê-la dizendo: “Um suposto membro do Cartel do Golfo em Tamaulipas foi registrado portando uma das armas mais exclusivas e poderosas, um Javelin, que em teoria só é vendido para o exército e foi usado durante a invasão da Ucrânia”.
- Em nenhum momento da gravação, no entanto, Azucena afirma ou sugere que a arma teria sido desviada da Ucrânia para o cartel mexicano.
- Um artigo publicado no mesmo dia 31 de maio no site da emissora Milenio segue a mesma linha do que foi dito por Uresti, afirmando apenas que o armamento registrado com um membro do Los Escorpiones, uma célula do Cartel do Golfo, “é vendido apenas para exércitos e foi amplamente utilizado durante a invasão da Ucrânia”.
- Em declarações à AP, Mark Hvizda, analista de defesa da Rand Corporation, um think tank americano de políticas globais e instituto de pesquisa, informou que a arma que aparece no vídeo, no entanto, não é um Javelin, mas sim um AT4, outra arma antitanque que dispara granadas, normalmente produzida por uma empresa sueca e amplamente utilizada por forças armadas em todo o mundo.
Europa
Agência Europeia de Medicamentos não afirmou que vacinas da Covid podem afetar a fertilidade feminina
Alegação falsa: Usuários das redes sociais em países da Europa compartilharam a alegação de que a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) teria admitido que as vacinas da Covid-19 podem ter efeitos adversos na fertilidade feminina.
Verdade:
- Uma busca no site da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) e em seus perfis nas redes sociais não encontra nenhum comunicado informando que as vacinas da Covid-19 podem ter efeitos adversos na fertilidade feminina.
- Em declarações ao site americano de checagem de fatos Snopes, um porta-voz da EMA disse que as alegações de que a agência estaria “aconselhando mulheres grávidas a não receberem as vacinas contra a COVID-19, pois elas ‘causariam infertilidade’, são falsas” e que “parecem fazer parte de uma campanha deliberada de desinformação”.
- De acordo com um relatório publicado no site da Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde (MHRA) do Reino Unido, e atualizado pela última vez em 8 de março de 2023, "não há evidências que sugiram que as vacinas contra a Covid-19 afetem a fertilidade e sua capacidade de ter filhos".
América Latina
Erupção do Monte Etna não produziu mais emissões de CO₂ do que toda a atividade humana
Alegação falsa: Usuários das redes sociais em países da América Latina compartilharam a alegação de que a recente erupção vulcânica registrada no Monte Etna, na ilha italiana da Sicília, teria emitido mais CO₂ na atmosfera em apenas 12 horas do que “toda a atividade humana desde que os seres humanos saíram das cavernas”.
Verdade:
- Vulcão mais ativo da Europa, o Monte Etna entrou em erupção no último dia 21 de maio, expelindo cinzas e pedra e causando o fechamento do aeroporto de Catania.
- Dados científicos publicados nos últimos anos, no entanto, apontam que a emissão de CO₂ produzida pelas atividades vulcânicas –incluindo erupções– é irrisória se comparada às emissões geradas pela atividade humana.
- Em um documento publicado em 1° de outubro de 2019, reunindo resultados de mais de 10 anos de pesquisas, o Deep Carbon Observatory (DCO), grupo que reúne mais de 1.200 cientistas de 55 países com o objetivo de entender melhor o ciclo de carbono da Terra, aponta que as emissões vulcânicas liberam entre 280 e 360 milhões de toneladas de carbono por ano.
- Com base nos dados coletadas no período, o documento conclui que “as emissões anuais de carbono da humanidade por meio da queima de combustíveis fósseis e florestas, etc., são 40 a 100 vezes maiores do que todas as emissões vulcânicas”.
- Outra pesquisa, publicada em 24 de junho de 2011 pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês), afirma que as emissões de CO₂ geradas pela atividade humana somaram 35 bilhões de toneladas em 2010.