O mundo das notícias é complexo, e histórias e imagens falsas costumam ser amplamente compartilhadas nas redes sociais. A equipe editorial da Blasting News identifica as informações enganosas e as fraudes mais populares toda semana para ajudá-lo a entender o que é verdade e o que é mentira. Aqui estão alguns dos boatos falsos mais compartilhados da semana.

Explosão de carro em ponte na fronteira entre EUA-Canadá não foi terrorismo

Alegação falsa: Em publicações com milhões de visualizações na plataforma X, expoentes da extrema direita americana, como o senador republicano Ted Cruz e a ativista Laura Loomer, que já expressou opiniões anti-islâmicas e nacionalistas brancas, afirmaram que a explosão de um carro na quarta-feira (22) em uma ponte que liga os EUA ao Canadá, na região das Cataratas do Niágara, no estado de Nova York, havia sido confirmada pelas autoridades como um ataque terrorista.

Verdade:

  • Em declarações à imprensa na noite do dia 22, a governadora do estado de Nova York, Kathy Hochul, afirmou que não há nenhuma indicação de que o incidente se tratou de um ataque terrorista.
  • Em uma publicação na plataforma X no dia 23, o FBI em Buffalo informou: “Uma busca no local não revelou materiais explosivos e nenhuma ligação com terrorismo foi identificada. O assunto foi entregue ao Departamento de Polícia de Niagara Falls como uma investigação de trânsito”.
  • Ainda segundo Hochul, o veículo viajava em alta velocidade, quando bateu em um canteiro central, voou por cima de uma cerca de 2,5 metros de altura e atingiu uma cabine de passagem de fronteira. Duas pessoas que estavam no veículo morreram no incidente.

Vídeo não mostra militares colocando bandeira de Israel em hospital em Gaza

Alegação falsa: Usuários das redes sociais compartilharam um vídeo no qual militares aparecem colocando a bandeira de Israel no topo de um prédio.

Segundo as publicações, a cena teria sido gravada no hospital Al-Shifa, o maior de Gaza, que foi invadido por forças israelenses no último dia 15 de novembro, sob a alegação de que o local seria usado pelo Hamas para preparar operações militares e esconder reféns e armas, o que é negado pelo grupo palestino.

Verdade:

  • No início da filmagem que viralizou nas redes sociais é possível ver que os militares caminham sobre as letra “UN” pintadas no topo do prédio, o que indicaria uma ligação do edifício com a Organização das Nações Unidas (United Nations, em inglês).
  • Uma pesquisa no Google Maps indica que as letras “UN” pintadas no topo do prédio não condizem com as imagens do hospital Al-Shifa, mas sim com outro edifício a menos de um quilômetro de distância.
  • Em nota às agências Reuters e Politifact, Juliette Touma, diretora de comunicações da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA), disse que o vídeo mostra “uma escola da UNRWA no norte de Gaza”.

ONU não recebeu poderes para “regular todo o conteúdo da internet”

Alegação falsa: Usuários das redes sociais ao redor do mundo compartilharam um artigo segundo o qual a Organização das Nações Unidas (ONU) teria recebido poderes para “regular todo o conteúdo da internet”.

O texto cita como fonte da informação um relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) intitulado “Diretrizes para a governança das plataformas digitais”.

Verdade:

  • O artigo compartilhado nas redes sociais foi originalmente publicado no último dia 10 de novembro, no site The People's Voice –anteriormente chamado Your News Wire e NewsPunch–, famoso por promover desinformação e teorias da conspiração.
  • Publicado pela Unesco neste mês de novembro, o relatório “Diretrizes para a governança das plataformas digitais”, disponível em seis línguas, não afirma em nenhum momento que a ONU –ou qualquer uma de suas agências– teria recebido poderes para regular o conteúdo da internet.
  • Em sua introdução, o relatório afirma ter como missão descrever “um conjunto de deveres, obrigações e funções para os Estados, plataformas digitais, organizações intergovernamentais, sociedade civil, mídia, academia, comunidade técnica e outras partes interessadas para possibilitar um ambiente propício em que a liberdade de expressão e informação estejam no centro dos processos de governança das plataformas digitais”.

Primeira-ministra italiana não proibiu o uso do véu islâmico em escolas do país

Alegação falsa: Usuários das redes sociais compartilharam publicações em espanhol que afirmam que a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, teria proibido o uso do hijab –o véu com o qual as mulheres islâmicas cobrem o cabelo e o pescoço– nas escolas públicas e privadas de todo o país.

Verdade:

  • Uma busca nos arquivos da Gazzetta Ufficiale, que reúne todas as leis e decretos aprovadas pelo governo italiano, não encontra nenhuma indicação de uma suposta proibição do uso hijab em escolas.
  • Tampouco é possível encontrar menção à suposta nova lei nas contas oficiais do governo italiano nas redes sociais ou na grande imprensa do país.

Vídeo não mostra que águas do rio Nilo ficaram vermelhas

Alegação falsa: Usuários das redes sociais ao redor do mundo compartilharam um vídeo que mostra uma grande massa de água vermelho-rosada com montanhas visíveis ao fundo.

Segundo as publicações, as imagens mostram o rio Nilo, no Egito. Muitas das postagens, inclusive, afirmam que o evento seria um sinal do fim dos tempos.

Verdade:

  • Uma busca reversa na internet mostra que uma série de fotos e vídeos com cenas do mesmo local foram publicados na internet nos últimos anos. Em um deles, postado em junho de 2017 no canal do YouTube da agência de viagens Aventura South America, é possível ver ao fundo da imagem o mesmo conjunto de montanhas que aparece em 0:18 no vídeo viral.
  • Segundo a descrição da publicação, as imagens foram gravadas na Laguna Roja (Lagoa Vermelha, em português), localizada no norte do Chile.
  • Segundo informações publicadas no Chile Travel, site oficial de turismo do Chile, “embora não haja uma explicação conclusiva, pesquisas científicas sugerem que a cor vermelha da lagoa se deve à presença de sedimentos e das microalgas Chlamynodephris”.