O mundo das notícias é complexo, e histórias e imagens falsas costumam ser amplamente compartilhadas nas redes sociais. A equipe editorial da Blasting News identifica as informações enganosas e as fraudes mais populares toda semana para ajudá-lo a entender o que é verdade e o que é mentira. Aqui estão alguns dos boatos falsos mais compartilhados da semana.

Vídeo não mostra hospital em Gaza sendo atacado por Israel em 2023

Alegação falsa: Usuários das redes sociais ao redor do mundo compartilharam uma série de imagens de câmeras de segurança que mostram o que parece ser a explosão de uma bomba em diferentes alas de um hospital. De acordo com as publicações, as imagens mostrariam o Hospital Al-Sadaqa, na cidade de Gaza, sendo atacado por forças israelenses.

Verdade:

  • Também conhecido como Hospital da Amizade Turco-Palestina, o Al-Sadaqa está, segundo informações oficiais, fechado desde o início de novembro devido à falta de combustível. Segundo autoridades turcas, o local teria sido danificado após sofrer um ataque aéreo israelense em 30 de outubro.
  • Uma busca reversa na internet, no entanto, mostra que as imagens compartilhadas nas redes sociais não são do Hospital Al-Sadaqa, mas sim do hospital Omar bin Abdul Aziz, em Aleppo, na Síria.
  • As imagens fazem parte de um vídeo publicado em agosto de 2016 nos canais do Aleppo Media Center (AMC) e da Rede Síria pelos Direitos Humanos no YouTube. Em ambos os casos, a descrição dos vídeos indica que as cenas mostram um ataque das forças oficiais hospital Omar bin Abdul Aziz, localizado em uma região de Aleppo então controlada por rebeldes.

Vídeo não mostra túnel do Hamas sob hospital em Gaza

Alegação falsa: Usuários das redes sociais na Itália compartilharam um vídeo que parece mostrar um bunker subterrâneo cheio de munições e suprimentos militares, acompanhado da alegação de que as imagens teriam sido registradas em um túnel do Hamas construído sob um hospital na cidade de Gaza, sem especificar qual hospital seria.

As alegações passaram a circular em meio ao atual cerco das forças israelenses ao hospital al-Shifa, o maior de Gaza, sob o argumento de que o local seria usado pelo Hamas para preparar operações militares e esconder reféns e armas.

Verdade:

  • Uma busca reversa na internet mostra que o vídeo foi publicado originalmente no X pelo jornalista israelense Hanan Amiur no último dia 31 de agosto, portanto anteriormente ao atual conflito entre Israel e Hamas. De acordo com legenda da publicação, as cenas teriam sido gravadas na cidade de Ramala, na Cisjordânia.
  • Artigo publicado pelo jornal Israel Hayom em 31 de agosto informa que forças de segurança israelenses invadiram uma oficina palestina na cidade de Beitunia, na Cisjordânia, que estaria sendo usada para fabricar armas. Um vídeo disponível no artigo, gravado pelas forças israelenses, mostra o mesmo local que aparece nas imagens compartilhadas nas redes.

Página do governo do Reino Unido não mostra Israel como uma empresa britânica

Alegação falsa: Usuários das redes sociais ao redor do mundo compartilharam uma reprodução de tela de uma página da Companies House, a agência governamental britânica responsável pelo registro público de empresas no Reino Unido, supostamente mostrando “O Estado de Israel” como uma empresa.

Segundo as postagens, a imagem sería uma prova de que Israel não é um país, mas uma empresa controlada por elites britânicas.

Verdade:

  • A captura de tela mostra, na verdade, uma listagem autêntica do estado de Israel na Companies House como uma “entidade estrangeira” no Registro de Entidades Estrangeiras (ROE), e não como uma empresa.
  • Criado em agosto de 2022 para, segundo dados do governo britânico, “reprimir os criminosos estrangeiros que usam propriedades no Reino Unido para lavar dinheiro”, o Registo de Entidades Estrangeiras (ROE) exige que proprietários estrangeiros anônimos de propriedades no Reino Unido revelem suas verdadeiras identidades.
  • Segundo publicação da Companies House na página do governo britânico, entidade estrangeira “é uma entidade legal, como uma empresa ou outra organização, que tem personalidade jurídica e é regida pela lei de um país ou território fora do Reino Unido”, o que inclui governos estrangeiros.

Aumento da mortalidade infantil nos EUA não está ligado a vacinas

Alegação falsa: Após um relatório divulgado no último dia 1° de novembro pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos indicar que houve um aumento de 3% na taxa de mortalidade infantil no país em 2022, o primeiro em 20 anos, usuários das redes sociais passaram a compartilhar publicações sugerindo que as vacinas seriam as responsáveis por esse aumento.

Verdade:

  • O relatório “Vital Statistics Rapid Release”, publicado pelo Centro Nacional de Estatísticas de Saúde (NCHA) do CDC, mostra que a taxa de mortalidade infantil provisória (não final) aumentou de 5,44 mortes por 1.000 nascidos vivos em 2021 para 5,6 mortes em 2022 (um aumento de 3%), após ter registrado um declínio de 22% no período de 2002 a 2022.
  • O documento, no entanto, não lista nenhuma causa para o aumento da taxa de mortalidade, tampouco faz qualquer menção a vacinas.

Coreia do Sul não desistiu de reivindicações sobre cadeia de ilhas disputada

Alegação falsa: Usuários das redes sociais na Coreia do Sul compartilharam capturas de tela de notícias da emissora local MBC, acompanhadas da alegação de que o governo do presidente Yoon Suk Yeol teria desistido das reivindicações do país sobre a cadeia de ilhas rochosas conhecidas como Dokdo em coreano e Takeshima em japonês, administradas pela Coreia do Sul desde 1945, após a rendição do Japão, seu antigo governante colonial, ao final da Segunda Guerra Mundial.

Verdade:

  • Em nota à agência AFP, o Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Sul informou que não houve nenhuma mudança recente na reivindicação territorial do país sobre a cadeia de ilhas.
  • Uma busca reversa na internet mostra que as capturas de tela compartilhadas nas publicações nas redes sociais foram tiradas de noticiários da MBC que foram ao ar nos dias 13 de junho de 2023 e 26 de outubro de 2021.
  • Disponíveis na página da MBC no YouTube, as reportagens falam sobre questões ligadas à cadeia de ilhas, sem, no entanto, fazer qualquer menção à questão de sua soberania.