No ano de 2014 foi fundado o Movimento Brasil Livre, conhecido pela sigla MBL, liderado pelo jovem Kim Kataguiri - famoso por reivindicar um movimento defensor do liberalismo econômico. O grupo que se afirma liberal, que defende até mesmo a privatização de empresas estatais, como a Petrobras, a retirada do investimento financeiro público na saúde e na educação, ficou em evidência durante o ano de 2015, liderando as passeatas que pediam o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).
Para 2016, lideranças do MBL assumiram que concorrerão a cargos políticos durante as eleições deste ano.
O grupo que se afirmava anticorrupção e apartidário vai mostrando, aos poucos, ser mais um grupo de jovens oportunistas. Afinal, os jovens que afirmavam lutar contra a Corrupção, optaram pela filiação em partidos políticos que trazem em seu histórico desvios de verbas e recebimento de propinas.
Um dos partidos escolhidos pelos jovens oportunistas foi o DEM (Democratas). Partido herdeiro do ARENA (Aliança Nacional Renovadora), grupo político aliado à ditadura e que teve em suas listas de filiados pessoas como Paulo Maluf e José Maria Marin (ex-presidente da CBF). O DEM é o partido político que mais teve políticos cassados entre os anos de 2000 e 2007 por corrupção eleitoral. Recentemente, Agripino Maia, senador e presidente do DEM, foi acusado de receber R$ 1 milhão em propina, como saiu no site Congresso em Foco, em fevereiro de 2015.
No Distrito Federal, o DEM também esteve envolvido em casos de corrupção. No conhecido Mensalão do DEM, investigado na década passada, o governador José Arruda (DEM) terminou preso preventivamente. Além disso, o escândalo contou com a participação de políticos de outros dois partidos usados pelas lideranças do MBL: o PSC (Partido Social Cristão) e o PPS (Partido Popular Socialista).
Além do DEM, PPS e PSC, outro partido usado pelos jovens para lançar suas candidaturas foi o PSDB. Como se sabe, recentemente os tucanos não estão mais convencendo ninguém em relação ao discurso moralista e incorruptível. Aécio Neves, a principal liderança do partido, vem recebendo acusações desde o ano passado sobre recebimento de propina.
A primeira denúncia aconteceu em meados de 2015, através de uma delação premiada com o doleiro Alberto Youssef. Ainda no fim de 2015, como foi publicado no dia 30 de dezembro pelo G1 - O portal de notícias da Globo, Aécio Neves, em nova delação premiada, foi acusado de ter recebido R$ 300 mil em propina. Desta vez o delator foi Carlos Alexandre de Souza Rocha.
Já no início de 2016, em nova delação da Operação Lava Jato, Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras, afirmou que o “Governo FHC” recebeu R$ 100 milhões em propina, mostrando que os tucanos não são paladinos da moral e que a corrupção na Petrobras vinha desde o governo de Fernando Henrique (1995 – 2003), além de constatar que corrupção não é exclusividade de ninguém e de nenhum partido.
O que se pode compreender é que as lideranças do MBL que sairão candidatas não eram de fato contrárias à corrupção, só se aproveitaram do descontentamento da população, transformado-a em oportunidade de crescer politicamente e ficar em evidência para eleições, filiando-se em partidos tão corruptos quanto aquele que eles afirmavam combater. Não se pode esperar pontos positivos e significativos de manifestantes que se reúnem com um deputado que tem contas secretas em bancos suíços para formarem uma aliança anticorrupção. Ou seja, como se não bastasse filiação a partidos extremamente envolvidos em esquemas de corrupção, eles abraçaram políticos como Eduardo Cunha, alertando-nos sobre a real intenção do grupo “anticorrupção”.