Embora uma parcela da população brasileira tenha se beneficiado com programas sociais que popularizaram e deram forças para o ex-Governo populista do Brasil, pelo período de treze anos, muitas outras pessoas ainda vivem à margem da sociedade, passando necessidades básicas e convivendo com a sensação de que foram esquecidas pelo poder público.

O norte e Nordeste brasileiro são os principais afetados, mas o estado do Piauí tem se destacado por conta da cumulação de diversos problemas.

No estado, ao menos vinte e três mil famílias não sabem o que é energia elétrica. Geladeira, só se for para usar como um ‘armário’, ainda assim, a maior parte das famílias nunca tiveram uma.

Nas zonas rurais, moradores passam roupas com ferros aquecidos na brasa, prática comum no século passado. Os moradores de Paulistana, município que fica no interior piauiense, possui renda per capita de até R$90 mensais. As pessoas da cidade querem trabalhar, mas com as lavouras secas e os animais morrendo, o máximo que conseguem é o benefício do Bolsa Família. Para se ter uma ideia, o Brasil possui 5.561 municípios, e Paulistana figura na 5.413º do ranking de desenvolvimento humano.

Osvaldo Mamédio, que é presidente do CDRSP (Conselho de Desenvolvimento Rural Sustentável de Paulistana), alerta que, ao contrário do que muitos pensam, o principal problema do estado não é a seca, mas a ausência de tecnologia, por conta da falta de energia. Sem tecnologia não é possível bombear água para levar para a casa das pessoas.

Programas do governo federal para o povo piauiense

Em julho desse ano, o Ministro do Desenvolvimento Social e Agrário de Michel Temer, Osmar Terra, esteve no estado para conversar com o governador, Wellington Dias. O ministro anunciou a fusão entre o programa Bolsa Família e o Criança Feliz, a fim de criar um novo projeto. As famílias carentes que estão cadastradas ou virem a se cadastrar no Cadastro Único do governo federal, e que possuem filhos de até 3 anos de idade, poderão receber o Bolsa Família.

A visita do ministro também definiu que prefeitos devem tomar iniciativas para melhorar a vida das famílias beneficiadas com programas sociais e que os gestores que melhor se destacarem, receberão prêmios. O objetivo é incentivar os chefes do executivo a se dedicarem na evolução social de seus respectivos municípios.

Apesar de ser uma ajuda importante para as famílias que veem suas plantações morrerem pela falta de irrigação, e ainda sofrem com a ausência de trabalhos formais na maioria das cidades interioranas, a medida ainda não muda a triste realidade do piauiense.

O programa dos governo de Lula e Dilma Rousseff, chamado 'Luz para Todos', inseriu várias cidades do estado, incluindo Paulistana, na lista de beneficiadas.

Em 2010, foi divulgado que 100% da cidade possuía energia elétrica, mas a verdade é que o projeto nunca chegou na zona rural do município.

Quando os moradores souberam que o governo federal implantaria energia em toda a cidade, em 2003, começaram a investir em tecnologia para a agricultura e pecuária, e teve até quem se sacrificasse para realizar o sonho de comprar um ventilador. Um agricultor, que anda cerca de 3 km todos os dias para buscar água em um poço, conta que a promessa de mudança chegou na cidade, mas a energia não.

Em resposta a uma reportagem especial sobre o caso, exibida na TV Globo, o governo federal, através do ministério de Minas e Energia, informou que lançará uma licitação para atender as famílias que ainda não foram beneficiadas.

O programa pretende atender cerca de 190 mil famílias nos próximos dois anos. Enquanto isso, os moradores de Paulistana esperam para ver se o programa Luz para Todos, deixará de clarear apenas a vida de alguns, para ser de fato, para todos os sertanejos sofridos do Piauí.