A marca Brooksfield Donna, braço da Via Veneto, grupo varejista com diversas lojas nos principais shoppings, foi acusada de produzir suas peças utilizando mão de obra infantil e Trabalho análogo ao escravo após uma auditoria realizada pelo Ministério do Trabalho no último mês de maio.
No flagrante do MT, cinco bolivianos foram encontrados trabalhando no local, sendo um deles menor de idade, produzindo peças em nome da MDS Confecções, terceirizada contratada pela marca, em uma oficina improvisada em um bairro periférico de São Paulo.
O grupo Via Veneto, por meio de nota oficial, nega que tenha qualquer responsabilidade pelas atividades realizadas pela contratada.
Segundo reportagem publicada na página da ONG Repórter Brasil, os bolivianos trabalhavam em média 12 horas por dia, sem folgas aos finais de semana, recebendo R$ 6 em média por peça produzida. As roupas seriam vendidas por até R$ 700 nas lojas da Brooksfield Donna, presentes em 17 cidades.
Além dos problemas trabalhistas, a empresa também será responsabilizada pela segurança no local que não possuía extintores para incêndio e contava com instalações da parte elétrica em péssimas condições.
A adolescente boliviana de 14 anos, que também participava da produção, não era a única menor de idade presente no local.
Os auditores também encontraram outras duas crianças que conviviam com os trabalhadores no mesmo espaço. Sabe-se que todos moravam na casa que servia como oficina.
Conforme determina a lei, a costura está entre as atividades econômicas nas quais é vedada a contratação de menores de 18 anos.
Ainda segundo o artigo publicado pela Repórter Brasil, a Via Veneto alegou que não terceiriza sua produção e que não tem relação com a oficina. Para os auditores, a realidade é outra. A empresa teria total controle sobre os pedidos e processos, definindo valores, quantidades e prazos.
A auditoria também encontrou peças das marcas Le Lis Blanc e Animale produzidas pelos bolivianos.
Em 2012, uma outra reportagem da ONG Repórter Brasil apontou que Zara, Marisa, Renner, Pernambucanas, M.Officer, Collins, Cori, Luigi Bertolli e outras marcas também utilizaram do mesmo método para diminuir os custos e ampliar os lucros. Uma lista de transparência foi solicitada pela reportagem. A relação traz os nomes dos empregadores que, em algum momento, foram notificados por trabalho semelhante à escravidão.