"Viver é, na verdade, é a maior de todas as ARTES... Nos palcos da vida todos nós somos atores, vivemos interpretando diariamente vários personagens. Portanto, viver é um teatro e o mundo o maior de todos os palcos." (Iolanda Brazão).
Estas declarações podem agredir e causar constrangimento para quem as ler, entretanto, é uma realidade que não pode ser negada. A princípio, pode parecer absurda, mas ao ser analisada friamente não deixa de ser uma realidade. Todos sabem que a sociedade exige das pessoas, comportamentos, atitudes, linguagens e discursos diferentes, o tempo todo.
Um para cada ambiente. Sendo assim, diante das imposições instituídas por esta mesma sociedade, se faz necessário o uso da representação.
Como representar está presente no cotidiano das pessoas, que por vezes passa despercebido certos comportamentos adotados. Tudo porque, a tendência do ser humano é começar a representar cedo, pois há incrustado dentro de cada um a essência do artista.
Quem na infância não brincou de faz de conta, criando vários personagens? Representar foi à maneira que o ser humano encontrou para expressar sentimentos, pensamentos, frustrações, alegrias e medos, e assim poder se comunicar com as outras pessoas. Por representar ser algo tão natural, corriqueiro, o ser humano tratou de apropriar-se deste recurso, para fazer uso dele em todos os lugares aonde viesse a passar.
Em casa, no trabalho, na igreja, em reuniões sociais, em cada um destes lugares, se faz necessário um comportamento, uma postura e uma linguagem diferente, que vai da linguagem culta a popular, ou até mesmo um discurso bem elaborado e o comum.
Observe bem, quando alguém está no convívio de sua família o que acontece? Ali, em seu ambiente familiar, não existe ninguém para cobrar determinada postura, nem tão pouco uma linguagem mais elaborada.
A linguagem ali é oral, descontraída, não havendo preocupação de o falante articular seu discurso de acordo ou não com as regras formais estabelecidas pela língua. A espontaneidade se faz presente, as frases saem naturalmente, não são organizadas, e a pessoa fala o que passa pela sua mente.
O que já não acontece quando esta pessoa esta diante de uma plateia, no trabalho, na igreja, no consultório, na sala de aula, numa reunião social.
Nestes lugares o comportamento da linguagem é outra, tudo porque a pessoa esta sendo observada, e, portanto a sociedade exige uma postura adequada, um cuidado maior com o vocabulário, daí concluir-se que as atitudes e comportamentos humanos se ajustam ao ambiente e a ocasião vivenciada.
Diante destes argumentos, é natural certos questionamentos, certa indignação, tudo porque, para muitos, representar é algo associado a artimanhas e falsidades. "Eu não sou ator nem atriz", "eu não represento", como não representa? Representa sim, e não representamos um único personagem no dia a dia, porque é nos palcos da vida, diante dos desafios a serem enfrentados que surge a necessidade de criar, fazer uso dos muitos personagens, que serão interpretados ao longo da vida.
Por isso, o dia a dia do ser humano se assemelha com o teatro, que tem como objetivo principal, transpor a realidade do cotidiano, para os palcos, atitude esta que faz com que os atores e espectadores se confundam ao ver transportada a realidade de cada cena do cotidiano, para a ficção. Daí, então, o espectador ao se identifica com a interpretação, se vê refletido na cena, neste momento, ao confundir a realidade com a fantasia se emociona, vibra diante da interpretação do ator no palco. Portanto, é mais que verdadeiro este pensamento: "viver é um teatro e o mundo o maior de todos os palcos".