De acordo com a Revista Super Interessante, há registros históricos de que o dízimo era recolhido bem antes do surgimento do Cristianismo, sendo uma prática judaica e também em outras religiões. Naquela época, os alimentos eram utilizados como dinheiro, eram objetos de troca, pois não existiam cédulas em papel nem moedas, portanto, as doações para os templos eram feitas em forma de cereais, animais, água, frutas, entre outros. Estes alimentos eram utilizados para alimentar tanto pessoas que trabalhavam no templo, quanto para ajudar pessoas carentes que permaneciam na região ou que iam até lá em busca de ajuda, como estrangeiros, órfãos e viúvas.

Nota-se que a única finalidade do recolhimento do dízimo era para alimentar as pessoas, pois a agricultura era a base de subsistência. O agricultor sempre acabava produzindo mais do que sua família precisava, por isso, ele dividia o que tinha com os menos favorecidos e também usava uma parte como troca de outras coisas que ele não produzia.

Dízimo significa décima parte, portanto, o agricultor pegava 10% do que produzia na lavoura e entregava no templo, para ajudar necessitados. A função dos sacerdotes era distribuir esse alimento com quem não tinha. Atitude bem justa, pois o agricultor ficava com 90% do que produzia e garantia que não iria faltar comida nem para sua família nem as outras famílias que estavam passando dificuldades.

Depois da vinda de Jesus Cristo, a igreja primitiva foi institucionalizada, transformada na grande instituição religiosa que temos até hoje: a Igreja Católica. Ela se associou ao governo e no ano 585 d.C. foi decretadanovamente a cobrança dos dízimos, não para distribuir alimento aos necessitados, mas para expandir a igreja como instituição.

Conforme o Império crescia a Igreja crescia junto, enriquecendo seus membros, pois a riqueza arrecadada ficava exclusivamente para os lideres religiosos e reis.

Posteriormente, a Igreja se separou do Estado, ficando com toda a riqueza adquirida pelos dízimos, prática adotada até os dias de hoje, não só nos templos católicos, como evangélicos também.

Os relatos sobre dízimos em alimentos estão historicamente registrados no livro de Deuteronômio 14, no Antigo Testamento da Bíblia Sagrada. Nos evangelhos do Novo Testamento, não há registros da cobrança de dízimos, pois nem todos eram judeus e nem agricultores, por isso, Jesus menciona repartir o pão de acordo com as posses.

O curioso é que, nos dias atuais as igrejas, incluindo católica e evangélica, estão novamente querendo se associar ao governo e retomaram a prática da cobrança de dízimo, porém, em dinheiro, e não para repartir com quem não tem, mas para enriquecer os líderes, assim como no surgimento da Igreja Católica. Percebe-se que uma prática que era pra servir de justiça social foi transformada em injustiça, pois a instituição religiosa fica com muito e os necessitados com nada, indo por caminhos diferentes do exemplo de repartir o pão que Jesus Cristo ensinou.