Diante da evolução científico-tecnológico, do surgimento de novos ideais, das imposições de normalidade (o que é o que não é normal) constituídas por determinados segmentos sociais, frente aos novos desejos e necessidades de consumo e de todas as transformações econômicas que estimularam o progresso da massificação do homem atual, expressado no individualismo, no egoísmo, na totalidade do Eu, onde a competitividade, concorrência e intolerância do ente diferente, tem cravado guerras no homem contemporâneo, acabando por escravizar o ser em nome do desenvolvimento do capitalismo.

Onde o “ter”– o possuir – é propagado à exaustão, à guerra. Por fim, no ocidente, o individualismo se torna um modelo de chegar à felicidade plena.

A forma como a vida vem progredindo, o colapso nos sistemas de crenças (político, social, religioso, moral) que antes parecia dar sentido e direção à vida, a alienação das pessoas, o caos tecnológico, a estrutura familiar, a forma como as pessoas se relacionam interpessoalmente, têm sido catastróficos.

Em meio a esse contexto de negação do outro, da não aceitação e do não reconhecimento, que Emmanuel Lévinas traz um novo olhar sobre o enaltecimento da ética humana. Construindo uma reflexão crítica da Ontologia, uma crítica à reflexão do sentido abrangente do ser.

Dentro dessa perspectiva, o pensamento filosófico de Lévinas tem como base a relação com o Outro – âmago de todo elo humano.

A alteridade, na contemporaneidade, torna-se um fator contribuinte para a busca de uma forma mais humana de se viver em sociedade, onde cada um deve ter responsabilidade pelo próximo. A alteridade pressupõe que existe o outro, e para Lévinas, é provável que a humanidade possa viver melhor se houver o reconhecimento da alteridade nos outros.

É a partir do contato com o Outro, que oferece a possibilidade da universalização da razão. Rompendo a ideia de identidade-ser-totalidade, dando espaço ao pensamento que o Ser só encontra o seu verdadeiro sentido na relação com o Outro, baseado na responsabilidade. O rosto do outro é o meu principal reconhecimento.

As relações humanas são de tamanha complexidade, ou seja, a relação do Eu não é consigo mesmo e não apenas entre Eu e o outro, mas numa existência plural – entre diversos seres Humanos.

A ética da alteridade se baseia em se abrir para o outro, em especifico é a abertura para o que o outro pode me oferecer de diferente, o que apresenta de desigual e que merece ser respeitado justamente como se apresenta, sem nenhuma indiferença, repulsa, exclusão pelas suas singularidades.

Com seu pensamento ancorado na época em que a Europa enfrentava o pós-guerra, faceando uma crise em busca da reconstrução, um período conturbado após as duas grandes guerras mundiais, em suas obras reflete a inquietação, buscando respostas no pensamento ocidental para entender regimes totalitários e imperialistas, fundamentadas em ideologias nazistas e fascistas, como exemplo o Holocausto. Para ele não existe a possibilidade de alteridade na Guerra, pois é a consequência mais cruel da individualidade e egocentrismo.

Não manifestando a exterioridade em um outro como Outro, destruindo a identidade do mesmo.

O Outro metafisico é o outro de uma alteridade que não possui nenhuma forma, é o outro que não limita ao mesmo, uma alteridade antes de qualquer iniciativa e controle do mesmo.

Por fim, a proposta do filósofo é que a ética seja baseada na responsabilidade pelo outro, que o homem se liberte desse fechamento de si, da totalidade do ser em si mesmo, que o limita, possibilitando então uma abertura a exterioridade, ao outro em caminho ao infinito. Buscar a saída do fechamento do homem em-si-mesmo à transcendência do Outro. Reconhecer no rosto do Outro a humanidade.

Trazendo as contribuições do filósofo às ideias e práticas psicológicas.

Em primeiro lugar, aquele que procura o serviço da psicologia é um outro diante do profissional. Essa pessoa por sua vez possui um outro dentro si, que se relaciona com outros e que sua subjetividade foi constituído a partir de um outro. Sendo então nessa relação entre sujeito e terapeuta existe uma gama de relações de alteridade.

Enquanto profissional da psicologia, o terapeuta precisa se dispor a entender e afirmar o mundo que o sujeito apresenta, a fim de oferecer para o outro uma escuta, para poder responder ao seu sofrimento. Essa resposta é uma responsabilidade pelo sofrimento e angustia do outro. Sendo esse serviço o esperado do profissional da área de psicologia – O dar espaço ao outro, compreensão da sua percepção, a ética envolvida nesse relacionamento de alteridade “face a face”.

Por fim, a proposta do pensador é que a ética seja baseada na responsabilidade pelo outro, que o homem se liberte desse fechamento de si, da totalidade do ser em si mesmo, que o limita, possibilitando então uma abertura a exterioridade, ao outro em caminho ao infinito. Buscar a saída do fechamento do homem em-si-mesmo à transcendência do Outro. Reconhecer no rosto do Outro a humanidade.

Nos debates atuais – conclusões: A não aceitação do outro, o não reconhecimento do outro, a invasão do espaço do outro, o ego acima de tudo, o individualismo que não é individualidade e o espirito de competitividade e massificação da humanidade presente nas sociedades ocidentais, no capitalismo. Uma sociedade cada vez mais voltada á padronização e enquadramento social é causadora de muitas psicopatologias.

Nos últimos meses vem se enxergando uma onda crescente de intolerância em vários setores da nossa sociedade tanto no Brasil quanto no resto do mundo. A intolerância reside na incapacidade de procurar respeitar e tentar entender convicções diferentes. A exclusão do outro diferente, impossibilitando-o de conquistar seu espaço e ação no mundo.

A tecnologia aproxima e ao mesmo tempo afasta as pessoas, gerando assim uma falsa sensação de completude. O Narcisismo vem sendo comum nos dias atuais.

Parece ser difícil aceitar, reconhecer e respeitar a individualidade do outro, parece difícil respeitar suas crenças religiosas, politicas, sociais, morais, sua sexualidade, seu gênero, sua raça, sua cor.

Por fim, a proposta é que a ética seja baseada na responsabilidade pelo outro, que o homem se liberte desse fechamento de si, da totalidade do ser em si mesmo, que o limita, possibilitando então uma abertura a exterioridade, ao outro em caminho ao infinito. Buscar a saída do fechamento do homem em-si-mesmo à transcendência do Outro. Reconhecer no rosto do Outro a humanidade.