O entrevistado do mês é José Roberto, atualmente reside em São Lourenço, uma cidade da região metropolitana do Recife em Pernambuco. Escritor, blogueiro, influenciador, cronista, poeta, fotografo, instrutor de meditação e estudante de psicologia pela Universidade brasileira (UNIBRA) – pesquisador na área do qual escreve alguns artigos sobre a Ciência psicológica para a Blasting News brasileira.
Com apenas 21 anos, e já aos 19 lançava a sua obra “Um diário de minhas crônicas “livro de sua autoria que revela mais de 50 textos em formato de crônicas e poesias líricas e intrínsecas que norteiam a sua percepção sobre a vida, mundo, pessoas e identidade, publicado pela editora independente em Olinda, Corisco.
Com o seu blogger que conta com mais de 100 textos, com quase treze mil visualizações pelo mundo todo, como por exemplo, depois do Brasil, surge os Estados Unidos e a França liderando o público, além de países como Portugal, Alemanha, Rússia etc. Também tem o seu segundo livro que é a continuação do primeiro lançado em um streaming/plataforma virtual que reúne mais de mil leituras.
Entrevistador: Como é para você esse mundo do ser escritor?
J R.: Para mim tem sido uma aventura, sabe? (risos). Sempre tive essa vontade de escrever, de externar os sentimentos que me rodeiam, sabe, é tipo uma válvula de escape mesmo. Eu estou entediado, escrevo. Estou triste, escrevo. Estou feliz, escrevo.
Sempre foi assim, desde que me entendo por gente.
A minha relação com a escrita sempre foi de aprendiz, nunca tive uma aula de como devo escrever (essa coisa de gramática, de regras) tanto que eu ainda peco muito, porém eu uso a famosa desculpa de “licença poética” (brinca), as palavras e ideias simplesmente saiam, tomavam forma e quando eu vim me dar conta tinha cadernos lotados de pensamentos.
- E como surgiu essa ideia de postar e publicar seus textos?
J R: Dos meus amigos e pessoas próximas. Sempre tive medo e vergonha do que eu escrevia, sempre fui muito tímido, na verdade, quando a questão é expor as minhas ideias e meus posicionamentos. Mas foram me encorajando, eu mostrava para algumas pessoas uns textos e começaram a gostar e se identificar com a ideologia “depressiva” presente ali, sabe, essa coisa de adolescente.
Aí foram botando ideia na minha cabeça e veja no que deu (risos). Hoje em dia posto quase tudo. Quase porque algumas coisas simplesmente, sentimentos, se negam ao destino do publicar.
- Para um jovem que carrega tanta arte e coisas na bagagem, você é um artista, quais as suas inspirações?
J R: eu me considero um aprendiz da vida. Passei por muita coisa no decorrer da minha história, desde pequeno, quero dizer experiências ruins, tanto internamento quanto externamente, ainda passo. Tive momentos, principalmente na adolescência, de revolta e rebeldia pela vida, mundo e por não aceitar que certas coisas têm que acontecer. Tanto que refletiu bastante no meu livro e textos.
Mas hoje eu aprendi a lidar com tudo isso, aprendi a ser generoso comigo, meus sentimentos e emoções.
Compreendia que essas coisas fazem parte do nosso desenvolvimento enquanto pessoas. Além que tudo isso me serviu para ser resiliente, e continuo sendo. Essa forma de tirar sempre aprendizado do sofrimento, da dor, dos nossos caminhos.
Sabe, já que sobrevivi, que estou aqui, alguma coisa eu tinha e tenho que fazer, e encontrei esse fazer na escrita, na arte, escrevendo e me posicionando diante da vida, que mesmo quando parece estar bagunçada, continua exuberante.
- Observei que você tem espaço para muitas coisas na sua vida, consegue ser tanta coisa ao mesmo tempo, como é essa relação?
J R: Rapaz, é coisa de louco mesmo (Risos). Eu sempre amei a arte, e sempre gostei de transitar entre mundos. Esse meu jeito de ser hiperativo e não curtir muito a ideia de ficar preso ou parado em um lugar, de pertencer a um rotulo, sempre vai caber mais que um (brinca).
Então, eu escrevo crônicas quando quero detalhes na história, escrevo poemas quando gosto que tenha esse lirismo presente em versos. Textos quando eu só quero falar. Instruo e faço meditação como um “bico” para encontrar a paz em meio a mundo tão caótico e tomar cuidado para não ser engolido pelo imediatismo cego. Tiro fotos porque sou simplesmente apaixonado por essa arte, de fotografar, de pausar o momento, tempo e espaço sob a luz da minha ótica – é sensacional.
- E sobre a psicologia, como foi a escolha desse futuro em sua vida?
J R: Eu sempre fui curioso, de querer entender porque que as pessoas agem de tal forma e o que levou agir, de querer compreender o comportamento, doenças mentais, a existência e principalmente assuntos que norteiam o tema morte.
E, de alguma forma, poder ajudar as pessoas a se conhecerem, a encontrarem seus caminhos, a se sentirem bem consigo mesmas. Ser protagonista nesse processo de humanização, de identidade e de conhecimento. Então a psicologia casou comigo, e ninguém separa mais (risos)
- Qual a sua relação com a pesquisa científica?
J R: Conhecimento mesmo, comecei a tomar o gosto pela ideia de ser pesquisador, porque eu acredito que sempre temos algo para ser descoberto, ser falado e ser exposto. Então a ciência me permite isso, falar com embasamento, segurança e disseminar a ideia para as outras pessoas poderem ter materiais também para descobrir o mundo, em especial o comportamento e existência. Sem contar, poder desconstruir os enquadramentos com autoridade.
- No momento você está engajado na pesquisa “O processo de morte no desenvolvimento de doenças psicopatológicas.” Como é a sua relação com a tanatologia?
J R: De amor (risos). É um assunto que me interessa, Falar de morte é clarear a nossa vida, o nosso modo de ser. Perceber que não é nada tão pesado como falam, Falar de morte também é pensar a vida, é sobretudo falar da vida. A morte é caracterizada um fenômeno natural – a derradeira interferência do organismo, pois ocorre sem nenhuma interferência ou controle humano, todavia causa sofrimento, dada o fim da existência humana. Ela contrasta com o desejo de eternidade e pertencimento que existe no homem.
A vida é existência, existir implica o que as perdas, lutos em vida, mortes físicas e metafóricas deixam marcados em nossa trajetória.
A única verdade e certeza que temos é que a morte é a possibilidade da impossibilidade.
E vivemos em uma sociedade em que o debate sobre morte é totalmente banalizado, pouco se fala, muito se generaliza. Não temos o que deveríamos ter uma educação para a morte, desde o primário. O fato é que as pessoas não estão preparadas para lidar com as perdas e rupturas, e principalmente com o luto. Se enganam quando pensam que o luto é dado apenas em decorrência de uma morte física, o luto é uma reação psicológica, um fenômeno natural frente a qualquer perda, seja ela de um fim de relacionamento, emprego, mudanças e até coisas mais banais como terminar uma série (brinca).
Recentemente eu rompi um relacionamento do qual eu me envolvi afetivamente, me surpreendi a forma como esse fenômeno se instaurou em mim, entrei em negação do que eu sentia e do que aconteceu, por semanas, até me deparar com a aceitação.
E o fato é que, eu por estudar tanatologia, pensava que estaria blindado, mas não. E entender e passar por todas as 5 fases do luto não foi uma tarefa fácil (risos), a gente só quer fugir ou arrumar uma forma de consertar tudo.
Mas foi tão importante perceber e entrar nesse processo, por que de um jeito ou de outro, isso me faz muito mais forte que nunca, e nossa, aprendi bastante. Hoje eu estou ressignificando tudo, uma hora você se vê perdido em meio a tanta coisa que tem dentro de si e outra hora, mesmo com o coração calejado, aprende a ter paz.
É papel do psicólogo frente a essas temáticas, oferecer o acolhimento, enfatizando a expressão do sentimento, facilitando a comunicação e melhorando a qualidade de vida.
Evitando a desenvolvimento de sintomas psicopatológicos futuros, como a ansiedade e depressão decorrente de um luto não elaborado. Me sinto totalmente preenchido pelos caminhos que eu escolhi.
- Roberto, foi um prazer ter essa conversa, te desejo sucesso na sua trajetória. Para finalizar, um conselho para os leitores?
J R: Se permitam. Se permitam ser quem vocês são, não tenham medo das coisas que há por vir, apenas mergulhe, e desapegue do seu passado. Apenas seja você mesmo, assuma a sua identidade, seja autor de sua própria história e da sua existência. Se permita ser feliz e viver cada momento no aqui e agora. Também se permita sofrer, pois o sofrimento é o rasgar da alma para caber um mundo maior dentro de si. Nunca desistam do que acham que é certo, dos seus objetivos e sonhos. Ressignifique sempre e aprenda com todos os seus obstáculos. Viva.