Em 1969, autora de Novelas cubana Glória Magadan tinha o seu reinado finalizado. Ela, que era especialista em colocar no ar dramalhões bizarros, deixou sua marca em um momento em que os brasileiros ainda assimilavam a ficção televisiva. Suas tramas contavam com locações remotas e exóticas, que poderiam ser povoadas por condes, ciganos, beduínos ou até mesmo samurais. Estas novelas, inclusive, eram lotadas de melodrama e muito distante da realidade que o país enfrentava.

Segundo análise publicada por Frederico Pellachin no jornal Folha de S.Paulo, um ano antes, Bráulio Pedroso trazia para a Televisão a novela “Beto Rockfeller”, uma grande revolução para a televisão, isso porque, pela primeira vez era trazido para uma novela a história de um anti-herói que não tinha caráter algum, algo que era totalmente brasileiro no gênero.

Neste momento, o diretor Daniel Filho decidiu que iria colocar um fim nas bizarrices que eram trazidas pela La Magadan e preferiu abraçar totalmente a realidade do país, que se baseava mais na informalidade e também na realidade que era enfrentada pelos brasileiros. A campanha para colocar estes novos rumos para as tramas começou a tomar mais forma com Janete Clair, que trazia a realidade, e tudo na trama acontecia da mesma forma como poderia acontecer na vida real.

'Amor de Mãe': realidade nas novelas

Agora, meio século depois, “Amor de Mãe” traz o mesmo efeito para a televisão, avalia Pellachin. Com ela, parece que uma nova fase para o gênero está sendo trazida para o público.

Isso tudo no momento em que algumas narrativas que trazem grandes doses de realidade podem estar sendo julgados como ultrapassados por muitas pessoas.

Além do mais, a novela também carrega com ela a estreia do novo estúdio MG-4, da Rede Globo, que foi um investimento milionário para a emissora. Com esse novo estúdio, a Globo está posicionada de forma estratégica no mercado de audiovisual.

A trama, que é escrita por Manuela Dias, é a estreia da autora em novelas e uma aposta ousada logo na primeira tentativa.

Isso só reafirma o deseja de renovação que a trama carrega com ela para o gênero. A novela conta com a direção artística de José Luiz Villamarim, que foi o parceiro da autora na série “Justiça”, que foi e ainda é muito aclamada pelo público por ser impecável.

Agora, com “Amor de Mãe”, a dupla novamente está trabalhando junto, o que pode garantir um sucesso para a trama. A história é centrada na vida de três mulheres e dá ênfase na maternidade das três, cheia de coincidências e mistérios, assim como a autora gosta de fazer os seus trabalhos.