A chegada de Abel Braga ao Internacional dividiu opiniões. Houve quem achasse uma boa carta na manga trazer um treinador com estofo para comandar um momento conturbado vivido no clube após a saída de Eduardo Coudet, técnico que deixou o Internacional nas quartas-de-final da Copa do Brasil, oitavas da Libertadores e líder do Brasileirão.
Era difícil competir. Definitivamente foi. Afinal, o Internacional jogava, para muitos, o melhor futebol da América. Posse de bola, marcação alta, domínio do jogo, ataque sobrando e defesa fechando. Tudo parecia caminhar bem para o Internacional, até que a turbulência tomou conta.
Coudet decidiu deixar o Internacional após tumultuosa relação com o diretor Rodrigo Caetano. O argentino foi para o Celta de Vigo, da Espanha, avisou em cima da hora e coube ao Internacional tentar tirar um coelho da cartola. O coelho foi Abel Braga. Campeão do mundo, da Libertadores e de quase tudo com o Internacional. Alguém com costas largas capaz de segurar as pontas com a torcida e garantir estabilidade a um elenco desmontado após saída de Coudet.
Vitória contra o Boca Juniors vira a chave colorada
O dia 9 de dezembro marcou uma virada de mesa para o Internacional e seu torcedor. E também para o Abelão! Diante do Boca, em La Bombonera, o Internacional se impôs, marcou pressão e tentou a todo o custo virar um resultado que já parecia sacramentado.
Jogando melhor, o Internacional conseguiu vencer o Boca na Argentina, e, embora tenha caído nos pênaltis, caiu de pé, pronto para dedicar-se apenas ao Brasileirão, já que havia caído também na Copa do Brasil um mês antes.
A partir de La Bombonera tudo mudou no Beira-Rio. Embora ainda contestado, Abel baixou a cabeça e fez o que melhor sabe: geriu um grupo que ganhava motivação após uma boa vitória diante dos argentinos carrascos dos brasileiros.
E foi com a motivação e trabalho diário que Abel conseguiu embalar o Inter em uma sequência vitoriosa, subindo degrau a degrau rumo à liderança do Brasileirão.
Arrancada no Brasileirão
Vitórias diante do Botafogo, Palmeiras, Bahia, Ceará e Goiás com placares magros e um futebol reativo já mostravam um novo Inter. Mais cauteloso para não sofrer gols e letal na hora de marcar seus tentos.
Diante do Fortaleza, um singelo susto, mas uma reação rápida e imponente para fechar o jogo com um 4 a 2. Em seguida, contra um São Paulo abalado, o Internacional de Abel não teve piedade sequer.
Com uma proposta ultraofensiva, Abel Braga lançou mão de um futebol reativo e marcou a equipe do Morumbi em cima, tirando os espaços para o time de Diniz trocar a bola. Não teve outra, senão uma vitória acachapante por 5 a 1 e a tomada da liderança das mãos dos paulistas.
Diante de um Grêmio com sequência de 11 jogos invicto contra o Internacional, um novo modelo de jogo. Mais cauteloso, linhas altas esporádicas e transição rápida. Entre a defesa e o meio-campo? Compactação, com Dourado fechando qualquer alternativa que a equipe de Renato Portaluppi tivesse de infiltrar com Alisson ou Pepê.
E, novamente, uma vitória. Um jogo difícil, que exigiu reação, calma e paciência. Vitória de um time campeão, que, embora tenha trocado de treinador, não perdeu a gana e a vontade de vencer o Brasileirão. Com Abel Braga, porém, o Inter tem a certeza de ter um vencedor que joga uma final a cada rodada de maneira completamente diferente a anterior.