O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) conversou na última segunda-feira (22) com seus apoiadores no cercadinho, local na entrada do Palácio da Alvorada em que seus simpatizantes mais fanatizados gostam de ficar para ouvir as palavras do “mito”. Jair Bolsonaro repetiu sua ladainha de que poderia cassar a concessão da Rede Globo, que irá vencer em outubro do próximo ano.

Segundo Bolsonaro, a emissora da família Marinho terá com ele um “encontro com a verdade”. Ele ainda falou que não irá perseguir ninguém e que a empresa terá que estar com as certidões negativas em dia.

No país, emissoras de rádio e TV são concessões públicas que passam pela autorização do governo. As concessões podem ser renovadas ou canceladas pelo presidente da República, mas o Congresso pode apoiar ou derrubar a decisão do presidente.

Realidade

O presidente, tal qual um encantador de serpentes, diz para seu público mais fanatizado na entrada da residência oficial da presidência da República o que eles querem ouvir. Mas enquanto Bolsonaro faz bravatas contra a Rede Globo, a realidade se impõe. A emissora voltou a ser a TV que mais recebe verbas do governo federal para publicidade, repassadas pela Secom (Secretaria Especial de Comunicação).

Até o começo de novembro deste ano, a emissora recebeu um repasse de R$ 54 milhões –no ano passado foram R$ 50 milhões e em 2019, R$ 33,3 milhões.

Como o ano ainda não chegou ao fim, há chances de a emissora receber mais ainda.

A Record TV e o SBT, em 2019 e 2020, respectivamente, ficaram com a primeira e segunda colocações. As emissoras aliadas do governo Bolsonaro retornaram às suas antigas posições de segundo e terceiro lugar na lista das mais bem pagas.

Enquanto isso no andar de baixo

Enquanto a Globo abocanha as quantias mais altas das verbas do governo, bem abaixo no ranking estão as emissoras religiosas, público caro ao atual presidente da República. A Secom diminuiu consideravelmente as verbas para essas emissoras. As emissoras católicas e evangélicas receberam R$ 3,8 milhões em 2019 e R$ 3,2 milhões em 2020.

Agora em 2021, a quantia caiu para R$ 1,1 milhão. Mesmo que o ano ainda não tenha terminado, é muito difícil que elas se aproximem dos valores de outrora.

TCU

O Tribunal de Contas da União divulgou no mês de agosto de 2020 dados que comprovavam que o governo federal não estava utilizando critérios técnicos para a divisão das verbas para as emissoras. Um dos critérios ignorados pelo governo Bolsonaro foi o critério da audiência, a Rede Globo é mais assistida que Record TV e SBT juntos.