Considerado o pai da Bossa Nova, o cantor e compositor João Gilberto morreu na tarde deste sábado (6), em seu apartamento no Neblon, zona sul do Rio de Janeiro. Ele tinha 88 anos e vinha enfrentando problemas de saúde. Ele deixa os filhos, João Marcelo, Bebel e Luisa. As causas da morte não foram reveladas.
"Meu pai morreu", foi o começo da postagem publicada por Marcelo Gilberto nas redes sociais, em inglês, para comunicar a morte do artista. "Sua luta foi nobre, ele tentou manter a dignidade à luz da perda de sua soberania", completou. "Tristeza, tristeza, profunda tristeza", escreveu a esposa de Marcelo, que disse ainda que tudo que queria era estar brincando com a netinha.
"Momentos felizes que foram negados a ele", postou.
Dono de um temperamento difícil, há anos João Gilberto vivia recluso em seu apartamento e recebia apenas parentes, além de não conceder entrevistas. A última imagem do cantor foi publicada nas redes sociais no mês passado, por uma neta, quando ele completou 88 anos.
Em 2017, a filha Bebel conseguiu que seu pai fosse interditado judicialmente, o que significa que o cantor não poderia viver a plenitude de seus direitos. O fato motivou uma disputa familiar com seu meio-irmão Marcelo Gilberto.
Carreira começou em uma banda de escola
Nascido em Juazeiro, em 10 de junho de 1931, João Gilberto Prado Pereira de Oliveira, começou cedo na Música. Depois de alguns anos morando em Aracaju, onde tocou na banda escolar, voltou para a cidade natal aos 14 anos, quando ganhou seu primeiro violão.
Aos 18 anos, uma nova mudança de cidade, desta vez para Salvador, onde se tornou crooner da Rádio Sociedade da Bahia. Em 1950, foi para o Rio de Janeiro onde se juntou a algumas bandas, mas foi expulso por conta de indisciplina.
Discos icônicos e premiados
Em 1959 ocorreu o que muitos chamam como o marco da Bossa Nova, quando João Gilberto lançou o disco "Chega de Saudade", com composições de Vinícius de Morais e Tom Jobim.
O disco trazia uma nova maneira de tocar violão, com uma harmonia e uma batida diferente, além de um canto doce. Isso influenciou diversos artistas, como o próprio Tom Jobim, que enxergou neste novo estilo uma forma de modernizar o samba ao simplificar seu ritmo.
No ano seguinte lançou "O Amor, o Sorriso e a Flor" e em 1961 um disco chamado "João Gilberto", o que formou a trilogia de álbuns fundamentais.
Posteriormente lançou outros discos que ganharam grande destaque, como "Amoroso", gravado no final dos anos 70, nos Estados Unidos.
O disco Getz/Gilberto, que tem a música "Garota de Ipanema", lançado em parceria com Stan Getz, ganhou o Grammy de melhor álbum de 1965. Em 2000 voltou a ganhar outro Grammy, na categoria best world music álbum, com o disco "João, Voz e Violão".